São Paulo, Quarta-feira, 19 de Janeiro de 2000


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DISCO/LANÇAMENTO
Compay volta com um disco chamado saudades

CASSIANO ELEK MACHADO
da Reportagem Local


Compay Segundo mora em uma rua de Havana chamada Saúde. Mais adequado só se o músico cubano vivesse em uma rua chamada Saudade. É dela que parecem feitas as 13 canções do novo CD de Compay, "Calle Salud", que acaba de ser lançado no Brasil.
Com 92 saudáveis anos, o cantor, compositor e guitarrista alinhava nesse álbum músicas coletadas de diversas partes de sua memória.
O astro do grupo "Buena Vista Social Club" começa o CD soltando a afro-caribenha "Saludo a Changó". Nela fica em evidência a maturidade da voz de Compay, uma madureza como a de um fruto, em que o tempo acentua cheiro e sabor.
O gosto mais característico da música do compositor ganha nitidez na segunda faixa. Compay já declarou muitas vezes que a sua música trata de "mulheres, flores e romantismo". E essas são as matrizes de "Amor Gigante", um "son" do próprio Compay em que ele declama: "Meu amor é puro como o sol, amor gigante".
Amor e gigantes não faltam em "Morir de Amor" (Mourir d'Aimer), bolero derramado de Charles Aznavour. Nessa faixa do CD, o cantor francês junta a estatura de sua voz à de Compay para gravar a versão espanhola de sua canção.
E a viagem sentimental do músico vai mais longe em outro bolero. Com a emblemática "El Día Que me Quieras", ele faz as notas musicais balançarem os quadris do modo como faziam os cubanos no verão de 1934, quando Carlos Gardel, autor da música, era o convidado mais assíduo nas radiolas de Havana.
E dá-lhe Compay abrindo seu baú de memórias musicais, de onde salta o son (ritmo tradicional cubano) "Lágrimas Negras", grande sucesso do lendário grupo cubano Matamoros, líder de atenções locais nos anos 40.
"Calle Salud" não reserva lugar apenas para sons e boleros. Francisco Repilado, nome pelo qual Compay era conhecido antes de assumir a segunda voz no duo Los Compadres, assina também um merengue. É "María en la Playa", tema para uma garota que vem e que passa por Malecón, a Ipanema de Havana.
O passeio pela Cuba de Compay termina em apoteose. A última faixa do CD é "Chan Chan", son que se tornou uma espécie de vinheta musical da trupe Buena Vista Social Club (é a canção de abertura do CD homônimo). Nela ficam patentes algumas marcas de Compay. Um lirismo rústico embalado por altas doses de nostalgia.


Avaliação:     


Disco:Calle Salud Artista: Compay Segundo Gravadora: Warner Quanto: R$ 20, em média


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