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DISCO/LANÇAMENTO
Compay volta
com um disco
chamado
saudades
CASSIANO ELEK MACHADO
da Reportagem Local
Compay Segundo mora
em uma rua
de Havana
chamada Saúde. Mais adequado só se o músico cubano vivesse em uma rua chamada
Saudade. É dela que parecem
feitas as 13 canções do novo CD
de Compay, "Calle Salud", que
acaba de ser lançado no Brasil.
Com 92 saudáveis anos, o cantor, compositor e guitarrista alinhava nesse álbum músicas coletadas de diversas partes de sua
memória.
O astro do grupo "Buena Vista
Social Club" começa o CD soltando a afro-caribenha "Saludo
a Changó". Nela fica em evidência a maturidade da voz de
Compay, uma madureza como
a de um fruto, em que o tempo
acentua cheiro e sabor.
O gosto mais característico da
música do compositor ganha
nitidez na segunda faixa. Compay já declarou muitas vezes
que a sua música trata de "mulheres, flores e romantismo". E
essas são as matrizes de "Amor
Gigante", um "son" do próprio
Compay em que ele declama:
"Meu amor é puro como o sol,
amor gigante".
Amor e gigantes não faltam
em "Morir de Amor" (Mourir
d'Aimer), bolero derramado de
Charles Aznavour. Nessa faixa
do CD, o cantor francês junta a
estatura de sua voz à de Compay
para gravar a versão espanhola
de sua canção.
E a viagem sentimental do
músico vai mais longe em outro
bolero. Com a emblemática "El
Día Que me Quieras", ele faz as
notas musicais balançarem os
quadris do modo como faziam
os cubanos no verão de 1934,
quando Carlos Gardel, autor da
música, era o convidado mais
assíduo nas radiolas de Havana.
E dá-lhe Compay abrindo seu
baú de memórias musicais, de
onde salta o son (ritmo tradicional cubano) "Lágrimas Negras",
grande sucesso do lendário grupo cubano Matamoros, líder de
atenções locais nos anos 40.
"Calle Salud" não reserva lugar apenas para sons e boleros.
Francisco Repilado, nome pelo
qual Compay era conhecido antes de assumir a segunda voz no
duo Los Compadres, assina
também um merengue. É "María en la Playa", tema para uma
garota que vem e que passa por
Malecón, a Ipanema de Havana.
O passeio pela Cuba de Compay termina em apoteose. A última faixa do CD é "Chan
Chan", son que se tornou uma
espécie de vinheta musical da
trupe Buena Vista Social Club (é
a canção de abertura do CD homônimo). Nela ficam patentes
algumas marcas de Compay.
Um lirismo rústico embalado
por altas doses de nostalgia.
Avaliação: ![](http://www.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
Disco:Calle Salud
Artista: Compay Segundo
Gravadora: Warner
Quanto: R$ 20, em média
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