São Paulo, Quarta-feira, 19 de Janeiro de 2000


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ARTES
Exposição no Centro Cultural apresenta à cidade raridades do acervo cuja autoria era desconhecida até 99
São Paulo descobre Renoir na gaveta

JULIANA MONACHESI
free-lance para a Folha


Um acervo de 2.000 obras que pouca gente conhece. Entre as vedetes, um desenho atribuído a Gauguin, gravuras de autenticidade comprovada de Renoir, Chagall, Miró e Léger.
Isso sem falar no acervo de arte brasileira, que conta com a maior coleção de desenhos de Tarsila do Amaral, por exemplo, e um belo retrato de Mário de Andrade pintado por Flávio de Carvalho.
Não se trata do acervo de nenhum grande museu, mas de obras pertencentes ao município de São Paulo, algumas identificadas apenas no ano passado, pois eram mantidas havia décadas na gaveta dos "anônimos" da reserva técnica no CCSP.
O curador e artista plástico Paulo Monteiro foi quem, encarregado de organizar uma exposição do acervo municipal, descobriu as raridades. Após um árduo trabalho de pesquisa em livros, Monteiro conseguiu comprovar suas suspeitas: eram mesmo obras de Renoir, Léger, Chagall e Gauguin.
O CCSP enviou reproduções das obras à Biblioteca Nacional da França, ao Museu Léger, na França, e ao Instituto de Arte de Chicago para reconhecimento de autoria e obteve confirmação de todos. Apenas sobre o desenho de Gauguin ainda não teve retorno.
Caso recebam outra resposta positiva quanto ao pastel "Idílio em Tahiti", de Paul Gauguin, esta será a peça mais valiosa do acervo. "As obras não têm um valor mercadológico muito alto, por não serem assinadas, mas são um tesouro cultural", explica Monteiro.
Enriquecido pelas recentes descobertas, parte do acervo municipal é exibido a partir de hoje no Centro Cultural. O visitante poderá saborear ainda gravuras de Portinari, um guache de Milton Dacosta que nunca foi mostrado e desenhos de Krajcberg, mais conhecido por suas esculturas.
Um lado pouco conhecido de outros artistas brasileiros vai ser mostrado em exposição paralela à do acervo: os pintores Paulo Pasta, Sérgio Sister e Rodrigo Andrade estão entre os participantes da mostra de desenhos que é também inaugurada hoje.
O CCSP convidou seis artistas que têm trabalhos na coleção para expor sua produção recente sobre papel, como contraponto contemporâneo ao modernismo da outra mostra.
Segundo a diretora da divisão de artes plásticas do CCSP, Camila Duprat, a coleção de arte contemporânea do município está crescendo. "Vamos cuidar para que não se crie uma nova lacuna no acervo", afirma, referindo-se às ausências de modernos como Iberê ou Guignard, por exemplo.


Exposições: Modernidade no Acervo Municipal e O Acervo e o Desenho Onde: Centro Cultural SP (r. Vergueiro, 1.000, tel. 0/xx/11/3277-3611) Quando: abertura hoje, às 19h. Ter. a dom.: 9h às 22h. Até 12/ 3 Quanto: entrada franca


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