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Figuras reais inspiram personagens
COLUNISTA DA FOLHA
Além de José Genoino, que em
"Conspiração do Silêncio" tem o
codinome Geraldo, outras figuras
reais da luta armada serviram de
inspiração aos novos filmes sobre
o tema.
No mesmo "Conspiração do Silêncio", a personagem Alice se baseia na guerrilheira Criméia Alice,
que engravidou na selva, conseguiu furar o cerco militar para ter
seu filho e acabou sendo uma das
poucas sobreviventes civis do
conflito. A exemplo de Genoino, a
verdadeira Criméia aparece dando um depoimento.
Outros personagens que estão
no filme também têm base real:
Oswaldão é Oswaldo Orlando
Costa, estudante de engenharia
que fez curso de guerrilha na China. Velho, por sua vez, é Maurício
Grabois, dirigente do PC do B que
foi deputado comunista em 1946.
O padre francês que narra o filme é inspirado nos dominicanos
Aristides Camiou e François Gouriou, expulsos do país.
O diretor de "Conspiração do
Silêncio", Ronaldo Duque, que
inicialmente pretendia fazer um
documentário sobre o assunto,
gravou longos depoimentos de
religiosos, guerrilheiros e soldados. Só de José Genoino, foram
seis horas de entrevista.
Duque defende o partido que
tomou em favor dos guerrilheiros: "É a historia de uma juventude totalmente convencida do que
estava fazendo. Seria leviano, 30
anos depois, achar que aquilo foi
uma "porra-louquice"."
Também os personagens de
"Cabra-Cega", embora fictícios,
têm inspiração em figuras reais.
"O personagem principal, Thiago, é livremente inspirado em
Clemente, nome de guerra de
Carlos Eugênio Paz, o comandante da última fase da ALN [Ação Libertadora Nacional]", diz o diretor Toni Venturi.
"O líder mais velho, Mateus, interpretado por Jonas Bloch, tem
referências de Toledo (o defeito
no braço), codinome de Joaquim
Câmara Ferreira, o sucessor do
[comandante guerrilheiro Carlos]
Marighella."
Venturi também conversou
muito com ex-guerrilheiros, como Renato Tapajós (com quem
fez o documentário "No Olho do
Furacão") e Alípio Ferreira.
(JGC)
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