LÚCIO RIBEIRO
Editor-assistente da Ilustrada

Não tem mais "Oh!" nem "Ah!". O negócio agora é só correr e gritar. É o astro Jeff Goldblum quem logo no começo deste "O Mundo Perdido - Jurassic Park" deixa bem clara a diferença brontossáurica entre o primeiro "Parque dos Dinossauros", de 93, e da sequência que invade a partir de hoje as telas brasileiras.
À parte as costumeiras cenas de tirar o fôlego e os espetaculares efeitos especiais, a nova superprodução de Spielberg, uma das estréias mais aguardadas destes tempos, é um genuíno filme de terror.
Os dinossauros não são mais objetos de admiração. Quem for assistir a "O Mundo Perdido" com o mesmo espírito de quatro anos atrás vai ter a sensação de ter saído de casa para ver um desenho da Disney e ter entrado por engano em uma sessão de "Tubarão".
Em "O Mundo Perdido", voltam Jeff Goldblum, como o cientista Ian Malcolm, e Richard Attenborough, no papel do ambicioso milionário John Hammond, que no filme de 1993 tentou transformar em um gigantesco parque uma ilha habitada por gigantescos animais pré-históricos, que voltaram do passado graças aos avanços da ciência genética.
A história é retomada em "O Mundo Perdido" quando, em uma visita a Hammond, Malcolm (e o público) fica sabendo da existência de uma outra ilha, chamada Sorna e distante 87 milhas da ilha do primeiro filme, onde funcionava um tal Plano B.
Sorna era uma espécie de ilha-laboratório na qual os dinossauros seriam criados e tratados antes de virarem atrações do Jurassic Park. Mas um terrível furacão destruiu a ilha e todas as criaturas que a habitavam. Ou quase todas.
Graças a Spielberg, ao escritor Michael Crichton, ao roteirista Dave Koepp e ao poderoso bombardeio de marketing dos estúdios Universal, "algo sobreviveu".
E lá vamos nós para a inóspita ilha Sorna, infestada de sanguinários Tiranossauros rex e cruéis Velociraptors, que logo vão receber nesse animador hábitat a visita de duas equipes:
A primeira, liderada pelo mercenário Pete Postlethwaite, quer capturar os "bichinhos" para um novo parque, desta vez erguido em San Diego, Califórnia.
A segunda turma, a "do bem", parte para a ilha, capitaneada por Malcolm e pela namorada Sarah (Julianne Moore), para proteger o "direito de viver" dos dinos.
Fala-se em Hollywood que, avesso a "continuações", Spielberg só assumiu o projeto de fazer esta parte 2 de seu "Parque dos Dinossauros" por medo de ver o filme que levantou quase US$ 1 bilhão nas mãos de alguém que não fizesse uma sequência à altura.
E Spielberg se superou e mostrou mais uma vez como se faz um blockbuster com um câmera na mão, uma idéia na cabeça e milhões de dólares de orçamento.
Primeiro, pediu sigilo absoluto aos atores e equipe sobre qualquer detalhe de "O Mundo Perdido". Depois, só permitiu a veiculação de trailers do filme que não mostrassem dinossauros.
E ainda recheou o filme com cenas sensacionais, como a que abre o filme (uma sequência pueril em que um inofensivo dinossaurinho brinca com uma menininha antes de devorá-la, junto com outros amiguinhos pré-históricos), a da perseguição (motos e jipes caçam dinossauros em um imenso campo aberto) e a da mãe Tiranossauro rex que, na busca de seu filhote ferido, deixa o ônibus de Jeff Goldblum e Juliane Moore dependurado à beira de um desfiladeiro.
Mas a principal curiosidade sobre "O Mundo Perdido" é que, se o filme atender as expectativas de bilheteria e bater os esperados recordes, vai escrever de vez o nome de Jeff Goldblum na história do cinema americano.
O ator, que não é considerado galã, não circula com mulheres da moda nem tem atuações brilhantes, emplacaria o papel principal em três das seis maiores arrecadações em semana de estréia de todos os tempos: "Parque dos Dinossauros", "Independence Day" e este "O Mundo Perdido".
Fato que nem Luke Skywlaker conseguiu.

Filme: O Mundo Perdido - Jurassic Park
Direção: Steven Spielberg
Produção: EUA, 1997
Com: Jeff Goldblum, Julianne Moore, Richard Attenborough, Pete Postlethwaite
Quando: estréia hoje nos cines Gemini 2, Center Iguatemi 1, Ipiranga 2 e circuito




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