São Paulo, quinta, 19 de junho de 1997.



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"PRAIA" PAULISTANA
Megalivrarias viram mania em São Paulo

MARCELO NEGROMONTE
free-lance para a Folha

Nada de parque Ibirapuera. A mais recente praia dos paulistanos são os corredores das megalivrarias inundados por um mar de livros, CDs, Internet e cafezinho.
As editoras Ática e a Scipione foram as que mais contribuíram para esse novo comportamento local com a inauguração, no começo do mês, do Ática Shopping Cultural, com 320 mil livros e 107 mil CDs, em Pinheiros (zona sudoeste de São Paulo).
"Aqui é um ponto de encontro, com certeza", disse a psicóloga Joceli Grossi, 44, enquanto conversava com amigos no café instalado dentro do shopping, na tarde da última terça.
A estudante de arquitetura Taís Rosa, 19, de São Carlos, achou "boa e ruim" a quantidade de livros da loja. "O primeiro andar é muito misturado, por exemplo. Mas é bom pela variedade".
Ela considera "impossível" ir ao shopping e não levar nada. "Isso aqui é apelativo demais." Diante de tanta oferta, o consumidor às vezes acaba levando mais que o planejado.
É o caso da mestranda em saúde pública Maristela Busnello, 29, que procurava livros de sociologia e direito, mas estava levando um do poeta pablo Neruda. "É um lugar bonito, agradável, com uma grande variedade de obras", disse.
Ansiedade
Isabel Rezende, 40, que trabalha com aromaterapia, disse que tamanha quantidade de livros "gera ansiedade na gente".
"Acho que o brasileiro não tem tanto dinheiro para estar comprando livros", afirmou. "Mas acho interessante para o público que tem acesso a essa oferta", completou.
Mesmo com tantas opções, alguns clientes não acharam o procuravam. "Procurei a trilha sonora de 'Farinelli' e fui informado que chega daqui a 15 dias", disse o dentista Alexandre Makaron, 34, amigo de Joceli.
A psicóloga Edilena Homem de Melo também saiu sem o que procurava. "Queria um livro do Calderón de la Barca e outro do (Gustave) Flaubert e não tinha." A assistente social Luizita Camargo Reis, 45, surpreendeu-se com os terminais de consulta do Ática Shopping.
"Apesar de não estar familiarizada com informática, a procura de bibliografia pelo terminal é bastante útil", afirmou Reis, que estava procurando obras infanto-juvenis para a biblioteca onde trabalha.
Sem compromisso
Os amigos André Amorim, 16, e Rodrigo Gassib, 16, estavam no shopping pela segunda vez "dando uma olhada" nos CDs.
O mais interessante para eles eram os "listening stations" -torres com mais de 500 CDs que podem ser apreciados com fone de ouvido.
"Quando você vai a outras lojas e pede que o vendedor mostre um CD, você meio no compromisso de comprá-lo", disse André Amorim.




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