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"PRAIA" PAULISTANA
Megalivrarias viram
mania em São Paulo
MARCELO NEGROMONTE
free-lance para a Folha
Nada de parque Ibirapuera. A
mais recente praia dos paulistanos são os corredores das megalivrarias inundados por um mar de
livros, CDs, Internet e cafezinho.
As editoras Ática e a Scipione
foram as que mais contribuíram
para esse novo comportamento
local com a inauguração, no começo do mês, do Ática Shopping
Cultural, com 320 mil livros e 107
mil CDs, em Pinheiros (zona sudoeste de São Paulo).
"Aqui é um ponto de encontro,
com certeza", disse a psicóloga
Joceli Grossi, 44, enquanto conversava com amigos no café instalado dentro do shopping, na
tarde da última terça.
A estudante de arquitetura Taís
Rosa, 19, de São Carlos, achou
"boa e ruim" a quantidade de livros da loja. "O primeiro andar é
muito misturado, por exemplo.
Mas é bom pela variedade".
Ela considera "impossível" ir
ao shopping e não levar nada.
"Isso aqui é apelativo demais."
Diante de tanta oferta, o consumidor às vezes acaba levando
mais que o planejado.
É o caso da mestranda em saúde
pública Maristela Busnello, 29,
que procurava livros de sociologia e direito, mas estava levando
um do poeta pablo Neruda. "É
um lugar bonito, agradável, com
uma grande variedade de
obras", disse.
Ansiedade
Isabel Rezende, 40, que trabalha com aromaterapia, disse que
tamanha quantidade de livros
"gera ansiedade na gente".
"Acho que o brasileiro não tem
tanto dinheiro para estar comprando livros", afirmou. "Mas
acho interessante para o público
que tem acesso a essa oferta",
completou.
Mesmo com tantas opções, alguns clientes não acharam o procuravam. "Procurei a trilha sonora de 'Farinelli' e fui informado que chega daqui a 15 dias",
disse o dentista Alexandre Makaron, 34, amigo de Joceli.
A psicóloga Edilena Homem de
Melo também saiu sem o que
procurava. "Queria um livro do
Calderón de la Barca e outro do
(Gustave) Flaubert e não tinha."
A assistente social Luizita Camargo Reis, 45, surpreendeu-se com
os terminais de consulta do Ática
Shopping.
"Apesar de não estar familiarizada com informática, a procura
de bibliografia pelo terminal é
bastante útil", afirmou Reis, que
estava procurando obras infanto-juvenis para a biblioteca onde
trabalha.
Sem compromisso
Os amigos André Amorim, 16, e
Rodrigo Gassib, 16, estavam no
shopping pela segunda vez
"dando uma olhada" nos CDs.
O mais interessante para eles
eram os "listening stations"
-torres com mais de 500 CDs
que podem ser apreciados com
fone de ouvido.
"Quando você vai a outras lojas e pede que o vendedor mostre
um CD, você meio no compromisso de comprá-lo", disse André Amorim.
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