São Paulo, sexta, 19 de junho de 1998

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POLÍTICA CULTURAL
Professora que comanda luta por sede para a Universidade Livre de Música foi desligada de seu cargo
Governo demite líder de movimento na ULM

IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha

A líder do movimento que pede uma sede para a Universidade Livre de Música, a professora Enny Parejo, foi demitida da coordenação pedagógica do departamento infanto-juvenil da entidade.
A demissão aconteceu na última segunda -quando venceu o prazo de dez dias dado aos manifestantes pela secretária-adjunta de Estado da Cultura, Neide Hahn, sobre uma definição referente à sede da ULM.
"No dia 4, quando houve a audiência, fui informada de que meu departamento seria unificado com o adulto", conta Parejo. "Cheguei à minha sala no dia seguinte e ela estava vazia." Na última segunda-feira, ela foi desligada de suas funções.
A comissão de pais, alunos e professores da ULM vê a saída de Parejo como uma represália da secretaria e organiza um abaixo-assinado em defesa da professora. Os pais planejam uma manifestação diante do edifício da rua Três Rios, no Bom Retiro, onde funciona a universidade.
Esse prédio pertence à Oficina Cultural Três Rios. Em abril, foi inaugurado o Núcleo Eleazar de Carvalho, no Brooklin, nas antigas instalações da escola da rede estadual Professora Diva Maria Biaggini de Toledo, para onde a comissão acusa a secretaria de pretender transferir a ULM.
Os manifestantes reivindicam para a Universidade Livre de Música o antigo prédio do Dops, que fica junto ao novo Complexo Cultural Júlio Prestes.

Outro lado
"As pessoas têm o direito de se manifestar. Por outro lado, criar um clima de desarmonia interna... Eu teria de agir como foi, como administradora", afirma Akiko Oyafuso, diretora da ULM, sobre a demissão de Parejo.
"Entrar nos ensaios das orquestras, interromper as aulas, colocar os alunos pequenos em uma rua durante o horário comercial é um risco para as crianças", diz.
Oyafuso contesta o fato de os organizadores dos protestos se designarem como comissão de pais, alunos e professores. "Ninguém havia autorizado o uso do nome dos professores em um documento que contém inverdades."
Entre as "inverdades", Oyafuso cita acusações de que sua gestão estaria empenhada em desmantelar a ULM, de que os professores não receberiam em julho e de que a universidade sairia da rua Três Rios, transferindo-se para o Núcleo Eleazar de Carvalho.
Para ela, a questão da sede fica como está. "A área de educação infantil permanece no Bom Retiro. A idéia do núcleo do Brooklin, que já está funcionando, é também oferecer ensino musical na zona sul. Quanto ao antigo prédio do Dops, ele continua em obras."



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