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WHAT'S COOKING
Ilha de St. Barth oferece cozinha do mundo
RITA LOBO
Colunista da Folha
Entrar numa lojinha e comprar
ao lado de Giorgio Armani ou jantar na mesa oposta a de Steve Martin são coisas comuns em Saint
Barthelemy. Mas certamente não é
isso, ou só isso, o que torna essa
ilhota caribenha atraente.
Colonizada por franceses, além
das praias, do azul do mar e dos
"364 dias de sol por ano", em St.
Barth a cultura gastronômica é de
fazer inveja a grandes cidades.
Um dos motivos que torna a culinária local peculiar é que, exceto
uma ou outra fruta, nada é cultivado ou produzido na própria
ilha; todos os produtos alimentícios são importados. Assim, os
melhores ingredientes do mundo
se transformam em deliciosos
pratos nas mãos de talentosos
chefs. Com isso fica fácil imaginar
por que os preços por lá também
são de fazer inveja a grandes cidades.
Algumas vezes isso pode chegar
ao absurdo de uma salada de lentilhas custar US$ 60. No restaurante
Taiwana, local do crime, você olha
para um lado e não consegue tirar
os olhos do mar azul.
Do outro lado, a cozinha aberta
para o salão serve de palco para os
cozinheiros. Tudo muito simples,
com um ar de restaurante de clube. Nenhuma indicação da conta
que está por vir -principalmente
para as mulheres, que recebem o
menu sem preços, "comme il
faut".
Os clientes recém-saídos da
praia ou da piscina almoçam vestindo apenas uma camiseta por cima do maiô molhado ou uma toalha enrolada na cintura, enfatizando o tal "ar" -ou talvez não vistam calças pois sabem que eventualmente terão que deixá-las por
lá.
O dono do local, um francês,
não sugere nenhum prato; ordena.
E tira os pedidos como se estivesse
fazendo um favor. Os garçons vestem uma camiseta escrito "No
Credit Cards". Todo mundo reclama, mas a maioria volta. Mistérios. E quanto à salada, já comi
melhores.
Há, porém, François Plantation.
Refinado sem ser besta, o restaurante operado pelo chef Christophe Picard é influenciado pela cozinha creole -uma combinação
dos sabores da culinária francesa,
espanhola e africana.
A carta de vinhos é daquelas que
só com muito esforço você erra na
escolha. Os talheres de prata contrastam com pratos de bordas coloridas que, polvilhados com especiarias cajun, exalam seus aromas no trajeto da cozinha à mesa.
Numa única semana, jantei lá
três vezes, sendo que em duas pedi
o mesmo prato: turnedô de avestruz com molho de pimenta da Jamaica, servido com purê de batata-doce. Antes, porém, foi servido
um sorbet de maçã verde que repara o paladar. E, depois da sobremesa, um rum obrigatório após
um grande jantar em St. Barth.
Rum, aliás, é a base da bebida
local, o punch plantaire; um desses coquetéis com suco de frutas,
cereja e sombrinha para enfeiar,
isto é, enfeitar. Mas é bom, muito
bom. E o bom mesmo é depois do
terceiro, quando você não lembra
mais o nome da bebida nem o seu.
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