São Paulo, sábado, 19 de setembro de 1998

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Filmagens reanimam cinema catarinense

do enviado especial a Florianópolis

A filmagem de "Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro" está agitando o ainda incipiente meio cinematográfico de Santa Catarina.
O último longa-metragem realizado no Estado (na cidade de Garoupaba) havia sido "Garota Dourada", filmado por Antonio Calmon há 16 anos.
De acordo com Sylvio Back, mais de 40 pessoas da equipe de seu filme são de Florianópolis.
"O aproveitamento de profissionais daqui foi uma coisa que estabelecemos desde o início do projeto", diz o cineasta catarinense Zeca Pires, que é assistente de direção em "Cruz e Sousa".
Embora os atores principais -Kadu Carneiro e Maria Ceiça- sejam do Rio, participam do elenco sete atores de Florianópolis e um de Curitiba (Guilherme Weber, no papel do poeta Nestor Vitor), sem contar os figurantes.
Para escolher o elenco catarinense do filme, Back fez mais de 70 testes com atores locais.
O cineasta, que tem fama de perfeccionista, conversa muito com o experiente diretor de fotografia Antonio Luiz Mendes sobre a velocidade de um "travelling", a quantidade de luz e o tempo de duração de um plano. De vez em quando olha para o céu, para ver se o bom tempo não vai virar em chuva. "Diretor de cinema olha mais para o céu que astrônomo, astrólogo e padre", brinca.
O cineasta Chico Faganello, que realiza em vídeo digital o "making of" do filme, documenta tudo.
Durante os intervalos de filmagem, o ambiente é um misto de descontração e entusiasmo pelo filme e pela obra de Cruz e Sousa.
Entre um café e outro, instigado pelo fotógrafo de cena Lucio Giovanella, Kadu Carneiro declama as frases terríveis do texto "Emparedado", que ele representou diante das câmeras dias antes, dentro de uma cisterna. À medida que mergulha nas palavras do poeta, empolga-se quase às lágrimas, contagiando a todos em volta.
"Florianópolis tem futuro e sobretudo tem passado", resume Rodrigo de Haro, diretor de arte do filme. E conclui: "Dizem que as cidades são como as mulheres: quanto mais passado têm, mais interessantes são". (JGC)



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