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"MOBUTU, REI DO ZAIRE"
Filme desmitifica ditador africano
PAULO DANIEL FARAH
da Redação
"Eu o vi beber um copo de sangue humano, pelo poder, pela força e pela autoridade." A frase, que
faz parte do documentário "Mobutu, Rei do Zaire", dá idéia da
autocracia do ditador africano
(65-97), que rebatizou o país, a
moeda e o rio -todos para Zaire.
Hoje é a última oportunidade
de assistir à ascensão e à desmitificação de Mobutu Sese Seko, o
"leopardo", que "agia como um
homem, mas era um animal selvagem", segundo analista.
O filme retrata o projeto de "zairianização" (retorno à tradição,
acompanhado de xenofobia e
corrupção), a asfixia política e
econômica do Congo e as mudanças de discurso de Mobutu, que
transforma Patrice Lumumba, líder da independência (1960) de
quem foi secretário de Estado antes de mandar matá-lo, de "comunista" em herói nacional.
"Hoje glorificamos o deus Mobutu", cantam os celebrantes de
um ritual extático. A TV mostrava
sua face nas nuvens. "Nunca serei
atropelado pelos acontecimentos", diz Mobutu, que, mais tarde,
teve de aceitar o pluralismo político e renunciar ao mote "servir um
só chefe", antes de fugir, em 97.
O diretor belga Thierry Michel
aborda criticamente, com depoimentos de ministros, agentes secretos e presidentes, a anuência
com o regime local de países como Bélgica (ex-colonizadora),
EUA e França. Larry Devlin, ex-chefe da CIA no país, comenta a
decisão norte-americana de "eliminar fisicamente" Lumumba.
Faltou apenas informar a data e
o local em poucos trechos.
Avaliação:
Filme: Mobutu, Rei do Zaire (Mobutu,
Roi Du Zaire)
Direção: Thierry Michel
Produção: Bélg./Fran./Zaire, 99, 130 m.
Onde: hoje, às 19h45, no Vitrine
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