São Paulo, Terça-feira, 19 de Outubro de 1999
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"MOBUTU, REI DO ZAIRE"
Filme desmitifica ditador africano

PAULO DANIEL FARAH
da Redação

"Eu o vi beber um copo de sangue humano, pelo poder, pela força e pela autoridade." A frase, que faz parte do documentário "Mobutu, Rei do Zaire", dá idéia da autocracia do ditador africano (65-97), que rebatizou o país, a moeda e o rio -todos para Zaire.
Hoje é a última oportunidade de assistir à ascensão e à desmitificação de Mobutu Sese Seko, o "leopardo", que "agia como um homem, mas era um animal selvagem", segundo analista.
O filme retrata o projeto de "zairianização" (retorno à tradição, acompanhado de xenofobia e corrupção), a asfixia política e econômica do Congo e as mudanças de discurso de Mobutu, que transforma Patrice Lumumba, líder da independência (1960) de quem foi secretário de Estado antes de mandar matá-lo, de "comunista" em herói nacional.
"Hoje glorificamos o deus Mobutu", cantam os celebrantes de um ritual extático. A TV mostrava sua face nas nuvens. "Nunca serei atropelado pelos acontecimentos", diz Mobutu, que, mais tarde, teve de aceitar o pluralismo político e renunciar ao mote "servir um só chefe", antes de fugir, em 97.
O diretor belga Thierry Michel aborda criticamente, com depoimentos de ministros, agentes secretos e presidentes, a anuência com o regime local de países como Bélgica (ex-colonizadora), EUA e França. Larry Devlin, ex-chefe da CIA no país, comenta a decisão norte-americana de "eliminar fisicamente" Lumumba.
Faltou apenas informar a data e o local em poucos trechos.


Avaliação:   

Filme: Mobutu, Rei do Zaire (Mobutu, Roi Du Zaire) Direção: Thierry Michel Produção: Bélg./Fran./Zaire, 99, 130 m. Onde: hoje, às 19h45, no Vitrine

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