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REDMAN, PAYTON E ELLINGTON
Tributos levam ao futuro
CARLOS CALADO
especial para a Folha
Tradição e modernidade conviveram de forma harmoniosa durante a jazzística noite de gala que
encerrou o 14º Free Jazz Festival,
já na madrugada de ontem.
Os veteranos da orquestra Duke
Ellington Alumni fecharam o
evento, transportando a platéia
em uma nostálgica viagem sonora pelo que o gênero produziu de
melhor, nos anos 20 e 30.
Conduzida, literalmente, pelas
baquetas do carismático baterista
Louie Bellson, a big band formada
por discípulos de Duke Ellington
revisitou a coleção de jóias musicais do grande maestro e compositor, com um vigor e uma coesão
sonora impressionantes.
Nem mesmo a falta do trompetista Clark Terry, ausente devido a
problemas de saúde, diminuiu esse impacto.
Partindo de seu imortal prefixo
("Take the "A" Train"), festejado
logo aos primeiros compassos pela platéia, a orquestra ellingtoniana seguiu relembrando clássicos,
como o vibrante "The Hawk
Talks" (arranjo de Bellson), uma
esfuziante versão de "Cotton
Tail" e a romântica balada "Prelude to a Kiss", entre outros.
Recriando Gershwin
Mas nem só nostalgia e tradição
marcaram a grande noite de jazz
deste festival. Os felizardos que já
estavam na platéia, quando o saxofonista Joshua Redman entrou
em cena, dificilmente vão esquecer o que ouviram.
Sugerindo que os clássicos estão
aí para serem renovados, Redman abriu a noite com uma sensacional versão de "Summertime" (dos irmãos Gershwin).
Raras vezes esse conhecido tema foi interpretado de forma tão
vibrante, num solo recheado de
climas e efeitos dramáticos, que
excitaram a platéia.
Quem viu a apresentação de
Joshua Redman, no Free Jazz de
1994, provavelmente ficou surpreso com o crescimento musical
do saxofonista californiano, muito bem acompanhado, aliás, pelos
jovens Aaron Goldman (piano),
Reuben Rogers (contrabaixo) e
Greg Hutchinson (bateria).
Segunda atração da noite, o
também jovem trompetista Nicholas Payton demonstrou de
imediato que sua anunciada homenagem ao lendário Louis
Armstrong não passa por qualquer intenção de "revival".
À frente de uma banda com 11
músicos, incluindo feras como
Lew Soloff (trompete), Bob Stewart (tuba) e Delfeayo Marsalis
(trombone), Payton utilizou temas do repertório de Armstrong
apenas como pretextos para arranjos modernos, com sonoridade típica de "big band".
Só mesmo no último número, o
festivo "Whoopin" Blues", é que
Payton se reportou ao estilo de
jazz mais típico de Nova Orleans,
que marcou a música de Armstrong, para alegria dos fãs mais
saudosistas.
Uma noite de tributos que, felizmente, apontou para o futuro, em
vez de se render à mera nostalgia.
Avaliação (Redman):
Avaliação (Payton):
Avaliação (Ellington):
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