São Paulo, quinta, 19 de novembro de 1998

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ARTES PLÁSTICAS
Exposição no Paço Imperial reúne obras de 80 artistas que se inspiraram em músicas do cantor baiano
Som de Caetano Veloso vira imagem no Rio

GUSTAVO AUTRAN
da Sucursal do Rio

Depois de dirigir o filme "Cinema Falado" e mergulhar na literatura com o livro "Verdade Tropical", o compositor Caetano Veloso sai novamente da música para se aventurar desta vez pelas galerias de arte.
Sua estréia no universo das artes plásticas acontece hoje, às 19h, com a exposição "A Imagem do Som de Caetano Veloso", no Paço Imperial, no centro do Rio. A estréia contará apenas com convidados (a partir de amanhã o evento será aberto ao público).
A tônica da mostra, organizada pelo curador Felipe Taborda, é dar forma ao vasto acervo musical de Caetano. Para isso, 80 artistas -entre eles pintores, fotógrafos, escultores, estilistas e designers- foram convidados para, literalmente, transformar som em imagem. "O objetivo é montar um painel das artes no Brasil a partir da tradição da MPB", explica Taborda.
A mostra foi inspirada no livro "Beatles Illustrated Lyrics", de Allan Aldridge. De acordo com Taborda, a aproximação com a música contribui para atrair mais público para os museus. "É uma forma de popularizar as artes plásticas, marcadas por muita vanguarda e hermetismo."
A exposição reúne artistas como o cenógrafo Gringo Cardia, o compositor Arnaldo Antunes e o cartunista Angeli. Cada um deles se baseou em uma música do compositor para criar suas obras. As canções foram sorteadas.
A maioria dos artistas procurou fugir de soluções óbvias. O designer gráfico Luiz Stein, que concebeu a capa do CD "Tropicália 2", não quis explorar a conotação supostamente "homossexual" contida na letra de "O Leãozinho". "Esse não é o meu mundo", justifica Stein.
Numa clara referência ao quadro "Sopa Campbell", de Andy Warhol, Stein reproduziu um copo do chá Matte Leão.
"O Leãozinho" e "Tigresa" eram justamente as obras mais cobiçadas pelo artista plástico Roberto Magalhães. No entanto ele acabou ficando com "Atrás do Trio Elétrico". "A alegria fica por conta de um folião desengonçado, que pode ser o próprio Caetano", explica.
Já Arnaldo Antunes partiu do verso "Não se vê um dia claro como tu" para registrar suas impressões sobre a festiva "Lua de São Jorge". "Não sou artista plástico. Entrei nessa porque acompanho o trabalho do Caetano."
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Exposição: A Imagem do Som de Caetano Veloso Quando: de terça a domingo, das 12h às 18h30; até 18 de fevereiro Onde: Paço Imperial (praça 15, s/ nē, centro) Quanto: entrada gratuita


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