São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 1998

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Henry Miller transformou June em abutre

da Reportagem Local

Se o filme "Henry e June", de Phillip Kauffman (90), explorava a relação Henry Miller-June Mansfield-Anais Nin, deixa de lado outro triângulo, o vivido pelo escritor, sua mulher e a jovem Jean.
A íntima amizade entre June e Jean começara quando a mulher de Miller contava 25 anos, e a garota, 17. June contou que Jean era, então, a mulher mais bonita que já vira, com cabelos negros e olhos azul-violeta.
É com ela que June viaja pela primeira vez a Paris, na primavera de 27, deixando o escritor furioso, pronto a extravasar sua fúria destruindo a casa e iniciando o livro que iria demolir June: "Crazy Cock", nunca publicado em vida.
O romance apresenta Hildred/ June como "a grande puta, a mãe das meretrizes e das abominações da terra", "um abutre". Tony/ Henry aparece como um pobre coitado, eterna vítima do amor profundo que sentia.
A dor de June foi imensa. "Você é o maior inimigo que eu tenho. Vou matá-lo", disse, ao ler o livro. Quando, quase 30 anos depois, se reviram, ela estava destruída. Ao lembrar de seus últimos momentos juntos, Miller imaginava escrever uma versão do encontro, cujo tema seria: "June era mais forte -mas ele vencera". (CM)



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