São Paulo, terça, 20 de janeiro de 1998.



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Erykah Badu

especial para a Folha

Erykah Badu mostrou em "Baduizm", seu álbum de estréia, um dom que a diferenciava de Mariah Carey, Mary J. Blige e outras pretensas divas da música americana: inteligência.
Com boas letras e uma combinação esperta de hip hop, jazz e soul music, o álbum foi bem recebido pela crítica e pelo público e rendeu a Erykah uma comparação -exagerada, diga-se- com a grande dama do jazz Billie Holiday.
"Livie" (Kedar, importado), lançado oito meses depois de "Baduizm", apresenta outra qualidade dessa cantora texana. Ela rende muito mais ao vivo, contando seus casos sobre negritude para uma platéia atenta e participativa, do que na solidão dos estúdios.
O repertório foi quase todo retirado do disco de estréia, em versões superiores às originais. "Rimshot", por exemplo, ganhou uma charmosa introdução a cargo das vocalistas de apoio.
"The Other Side Of The Game" tem uma interpretação à altura da letra e belas "explosões" vocais da moça.
"On and On" surge grudadinha com "Apple Tree". Foi encorpada com um rap e uma explicação sobre o significado da ankh, aquela cruz egípcia que Erykah faz questão de carregar em todas as suas apresentações, ao lado de incenso e chá com limão.
Erykah também passeia pelo terreno das covers, mas, assim como Maxwell (outro talento do novo soul americano), faz questão de fugir das obviedades. Resgata "Searching", de Roy Ayers (provedor de grooves para o rapper americano Coolio), e manda uma interpretação rasgada para "Stay", sucesso de Chaka Khan nos tempos que ela defendia os vocais no grupo Rufus.
Resumindo, "Live" é a apresentação que Erykah tentou mostrar no Free Jazz do ano passado. A vantagem é que, no disco, você não terá de aguentar o calor senegalês do Palace -que não teve o prazer de curtir "Next Lifetime", outra bela canção de "Baduizm"- nem a falta de educação de nenhum fã do Jamiroquai. É música pura. (SM)

Onde encontrar: Nuvem Nove Discos (r. Clodomiro Amazonas, 116, Itaim, tel. 011/820-7051)


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