UOL


São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARTES PLÁSTICAS

"2080" revê a produção brasileira daqueles anos e propõe montagem com participação dos visitantes

MAM retoma década de 80 com interação

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com "2080", mostra que o Museu de Arte Moderna de São Paulo inaugura na próxima quinta, a instituição revê a sua relação com o público e propõe uma nova forma de interação: a montagem poderá ser decidida pelos próprios visitantes.
"Nos últimos dez anos, a visitação do museu subiu de 2.000 para 280 mil pessoas por ano, o que deve gerar um novo desafio para o curador", afirma Felipe Chaimovich, crítico da Folha e curador da mostra em parceria com o setor educativo do museu, que tem coordenação de Vera Barros e Carlos Barmak.
Na abertura da mostra, o espaço estará organizado. No entanto, durante os dois meses da exposição, os 43 painéis móveis que suportam as obras terão outros quatro arranjos, agrupados quinzenalmente (nos dias 24 e 10 de cada mês).
"O visitante que quiser se envolver na proposta terá de participar de um jogo. A remontagem da mostra ocorrerá de acordo com a reunião dos resultados que obtivermos", diz Barmak.
"2080" revê a produção brasileira de artes plásticas dos anos 80, período de ressurgimento da pintura, a partir de quatro exposições da época: "Pintura como Meio", realizada em 1983 por Aracy Amaral, no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC); "Como Vai Você, Geração 80", organizada por Marcus Lontra, Paulo Roberto Leal e Sandra Mages, no Parque Lage (Rio), em 1984; "A Grande Tela", com curadoria de Sheila Leirner na 18ª Bienal de São Paulo, em 1985; e "Imagens de Segunda Geração", de Tadeu Chiarelli, também no MAC, em 1987.
De cada uma dessas exposições foi selecionado um tema que funcionasse como síntese do período. "Evitei realizar uma revisão crítica, mas busquei respeitar os critérios de cada curador na época e escolher, em conversas com eles, aquilo que foi o conceito dominante", diz Chaimovich.
Assim, as 49 obras da mostra estarão agrupadas nos módulos: "Suporte e Pintura", "Anarquia e Prazer", "Neo-expressionismo" e "Citacionismo", todas na ordem correspondente às mostras citadas anteriormente. Cada módulo será identificado por uma cor cítrica, citação ao universo visual dos anos 80.
Curiosamente, a maioria das obras apresentadas não fez parte das mostras que inspiraram "2080". "Achei que o melhor critério seria selecionar trabalhos da época representados especialmente nas coleções do MAM de São Paulo e do Rio de Janeiro. E aqueles artistas que estiveram em mais de uma exposição comparecem com mais de um trabalho", diz Chaimovich.
Um catálogo com textos de cada um dos curadores, publicado na época das mostras, e uma reavaliação dos próprios, mais de 20 anos depois, será lançado até o final da exposição.
Já na abertura, pretende-se reavivar não só a visualidade mas também a sonoridade dos 80: o rock'n roll estará presente na voz de um dos ícones do período, sobre o qual o museu pede segredo. Espera-se que não chova lá fora.


2080. Exposição que retrata, em 49 obras, quatro mostras emblemáticas dos anos 80. Curadoria: Felipe Chaimovich e núcleo educativo do museu. Onde: Museu de Arte Moderna de São Paulo (parque Ibirapuera, portão 2 e 3, tel. 0/ xx/11/5549-9688). Quando: abertura dia 23, 19h30; ter. a sex, das 12h às 18h, qui. até 22h; sáb. e dom., das 10h às 18h. Até 5/4. Quanto: R$ 5


Texto Anterior: Moda - Temporada: "Novíssimos" estrelam Casa de Criadores
Próximo Texto: Exposição une moda e arte concretista
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.