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ERUDITO
Às vésperas do começo da temporada, com financiamento em aberto, presidente dos Patronos diz que vai "terceirizar patrocínio"
Municipal de SP redefine arrecadação
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Teatro Municipal de São Paulo está com o financiamento de
sua temporada ainda em aberto,
às vésperas do primeiro espetáculo deste ano: "Carmen", de Bizet,
que deve estrear em 8 de março.
Há a dotação da prefeitura, de
R$ 16 milhões. Mas outros R$ 5
milhões deverão ser obtidos junto
à iniciativa privada para garantir a
produção de seis óperas e o funcionamento dos corpos estáveis,
diz a diretora Lúcia Camargo.
A indefinição se deve em parte à
transformação do papel exercido
pela Sociedade Patronos do Teatro Municipal, que, ao contrário
do teatro -um órgão público-,
está credenciada para arrecadar
doações com base nos incentivos
das leis Mendonça e Rouanet.
Os Patronos exerciam uma dupla função: suplementavam o orçamento para gastos de emergência, reparos ou restauração e também produziam espetáculos para
seus assinantes. Foram, por
exemplo, dez produções líricas e
15 concertos sinfônicos com cantoras de primeira linha, como
Frederica von Stade, Galina Gorchakova e June Anderson.
Essa forma de funcionamento
tinha a retaguarda do empresário
José Ermírio de Moraes Filho, que
morreu em setembro último. Para sucedê-lo na presidência, foi
eleito o empresário Ivo Rosset.
A impressão de que a troca de
comando seria indolor desapareceu em 30 de janeiro, quando em
carta tornada pública Marcelo
Romoff, superintendente dos Patronos, anunciava seu desligamento. Sua adjunta, Irene Kantor,
havia se desligado em novembro.
Procurado pela Folha, Romoff
declarou apenas esperar que o
Municipal continue apresentando espetáculos de qualidade.
O homem-chave passou a ser
Ivo Rosset. Ele disse à Folha que
os Patronos não mais poderiam
ter com o teatro a mesma relação
que o Mozarteum Brasileiro, que
utiliza suas instalações.
Deveriam, ao contrário, ajudar
a financiar uma programação que
caberia ao Municipal definir. É essa, afirmou, a lógica de entidades
que suplementam o orçamento
de outros teatros. Resta saber de
que maneira atrair doadores. No
ano passado, os Patronos arrecadaram cerca de R$ 3,6 milhões
por meio da venda de assinaturas.
Ivo Rosset e Lúcia Camargo estão para definir esta semana um
plano de manutenção dos assinantes e o início de uma venda
que já deveria ter começado. Rosset diz ainda que a arrecadação de
patrocínio "será terceirizada".
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