São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2002

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ERUDITO

Às vésperas do começo da temporada, com financiamento em aberto, presidente dos Patronos diz que vai "terceirizar patrocínio"

Municipal de SP redefine arrecadação

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Teatro Municipal de São Paulo está com o financiamento de sua temporada ainda em aberto, às vésperas do primeiro espetáculo deste ano: "Carmen", de Bizet, que deve estrear em 8 de março.
Há a dotação da prefeitura, de R$ 16 milhões. Mas outros R$ 5 milhões deverão ser obtidos junto à iniciativa privada para garantir a produção de seis óperas e o funcionamento dos corpos estáveis, diz a diretora Lúcia Camargo.
A indefinição se deve em parte à transformação do papel exercido pela Sociedade Patronos do Teatro Municipal, que, ao contrário do teatro -um órgão público-, está credenciada para arrecadar doações com base nos incentivos das leis Mendonça e Rouanet.
Os Patronos exerciam uma dupla função: suplementavam o orçamento para gastos de emergência, reparos ou restauração e também produziam espetáculos para seus assinantes. Foram, por exemplo, dez produções líricas e 15 concertos sinfônicos com cantoras de primeira linha, como Frederica von Stade, Galina Gorchakova e June Anderson.
Essa forma de funcionamento tinha a retaguarda do empresário José Ermírio de Moraes Filho, que morreu em setembro último. Para sucedê-lo na presidência, foi eleito o empresário Ivo Rosset.
A impressão de que a troca de comando seria indolor desapareceu em 30 de janeiro, quando em carta tornada pública Marcelo Romoff, superintendente dos Patronos, anunciava seu desligamento. Sua adjunta, Irene Kantor, havia se desligado em novembro.
Procurado pela Folha, Romoff declarou apenas esperar que o Municipal continue apresentando espetáculos de qualidade.
O homem-chave passou a ser Ivo Rosset. Ele disse à Folha que os Patronos não mais poderiam ter com o teatro a mesma relação que o Mozarteum Brasileiro, que utiliza suas instalações.
Deveriam, ao contrário, ajudar a financiar uma programação que caberia ao Municipal definir. É essa, afirmou, a lógica de entidades que suplementam o orçamento de outros teatros. Resta saber de que maneira atrair doadores. No ano passado, os Patronos arrecadaram cerca de R$ 3,6 milhões por meio da venda de assinaturas.
Ivo Rosset e Lúcia Camargo estão para definir esta semana um plano de manutenção dos assinantes e o início de uma venda que já deveria ter começado. Rosset diz ainda que a arrecadação de patrocínio "será terceirizada".



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