|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RELÂMPAGOS
Furioso!
JOÃO GILBERTO NOLL
Quis ser distinguido pelo
ódio. Então vociferou contra
o primeiro que passava. Discutiu, com a fronte dilatada,
os números de uma conta.
Sentiu-se mal para que o outro fosse infernalmente afetado diante de sua laceração.
Olhou com gana assassina o
vizinho de mesa. Enfiou a
mão no bolso como se pegando a arma engatilhada.
Que fosse algemado! Já via
as marcas nos pulsos. Que
fosse detido e internado
num hospício! Tropeçou,
caiu, quebrou um dente.
Chegou em casa, curvou-se
sobre o berço. A criança estremeceu, acordou. Tinha a
íris esverdeada como a dele.
Texto Anterior: Arte é arte, popular ou erudita Próximo Texto: Literatura: Paulo Coelho volta a ser cavaleiro francês Índice
|