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CRÍTICA
Filme é um sensível tributo ao brasileiro
DA REDAÇÃO
A jornalista e cineasta Simone Duarte se propôs, em
"A Caminho de Bagdá" -documentário de 56 minutos-, a fazer
um "tributo a Sérgio Vieira de
Mello", reputado funcionário da
ONU morto num ataque terrorista em agosto de 2003, em Bagdá, e
o realizou com rara sensibilidade.
Ex-colega de Vieira de Mello da
época em que ele comandava a
Administração Transitória da
ONU em Timor Leste (criada em
outubro de 1999), Duarte escolheu mostrar a trajetória profissional do brasileiro por meio de
testemunhos de pessoas que, ao
longo de mais de três décadas, conheceram seu trabalho de campo.
Assim, passam ante os olhos do
espectador desde pessoas comuns, como a mulher de um moçambicano que trabalhou com
Vieira de Mello na década de 70,
até personalidades políticas, como o secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, o ex-rei do Camboja
Norodom Sihanouk, o presidente
de Timor Leste, Xanana Gusmão,
o de Moçambique, José Chissano,
e o ex-embaixador dos EUA na
ONU Richard Holbrooke.
Em todos os casos, os testemunhos são emocionados e elogiosos. Isso não seria suficiente, contudo, para tornar o filme tão interessante. O segredo de "A Caminho de Bagdá", que recebeu a Medalha de Prata da Associação de
Correspondentes da ONU em dezembro último, é saber transformar a colcha de retalhos num trabalho coeso, que investiga a evolução da carreira de Vieira de Mello com um norte bem definido.
Para tanto, a jornalista dividiu
seu trabalho em quatro partes
-ou países em que ele trabalhou.
O início de sua carreira ocorreu
em Moçambique, e os testemunhos sobre essa época mostram
como se consolidou no funcionário da ONU a vontade de contribuir para a reconstrução de Estados que saíam de conflitos.
Em seguida, por meio de suas
passagens pelo Camboja e por Timor Leste, nos anos 90 e no início
desta década, o espectador descobre como Vieira de Mello se tornou um dos grandes nomes da diplomacia e das missões humanitárias. Nesse contexto, são apresentados seu talento de negociador e seu fervor pela diplomacia.
Por fim, a tragédia iraquiana é
vista sob o prisma da legitimidade
da missão da ONU, e a autora teve
a sensibilidade de não expor o espectador às cenas da barbárie. A
missão de Duarte foi cumprida.
Com seu filme, os brasileiros poderão descobrir a real dimensão
de Vieira de Mello.
(MSM)
A Caminho de Bagdá
Quando: terça, às 22h35, no Canal Brasil
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