São Paulo, domingo, 20 de março de 2005

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CRÍTICA

Filme é um sensível tributo ao brasileiro

DA REDAÇÃO

A jornalista e cineasta Simone Duarte se propôs, em "A Caminho de Bagdá" -documentário de 56 minutos-, a fazer um "tributo a Sérgio Vieira de Mello", reputado funcionário da ONU morto num ataque terrorista em agosto de 2003, em Bagdá, e o realizou com rara sensibilidade.
Ex-colega de Vieira de Mello da época em que ele comandava a Administração Transitória da ONU em Timor Leste (criada em outubro de 1999), Duarte escolheu mostrar a trajetória profissional do brasileiro por meio de testemunhos de pessoas que, ao longo de mais de três décadas, conheceram seu trabalho de campo.
Assim, passam ante os olhos do espectador desde pessoas comuns, como a mulher de um moçambicano que trabalhou com Vieira de Mello na década de 70, até personalidades políticas, como o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, o ex-rei do Camboja Norodom Sihanouk, o presidente de Timor Leste, Xanana Gusmão, o de Moçambique, José Chissano, e o ex-embaixador dos EUA na ONU Richard Holbrooke.
Em todos os casos, os testemunhos são emocionados e elogiosos. Isso não seria suficiente, contudo, para tornar o filme tão interessante. O segredo de "A Caminho de Bagdá", que recebeu a Medalha de Prata da Associação de Correspondentes da ONU em dezembro último, é saber transformar a colcha de retalhos num trabalho coeso, que investiga a evolução da carreira de Vieira de Mello com um norte bem definido.
Para tanto, a jornalista dividiu seu trabalho em quatro partes -ou países em que ele trabalhou. O início de sua carreira ocorreu em Moçambique, e os testemunhos sobre essa época mostram como se consolidou no funcionário da ONU a vontade de contribuir para a reconstrução de Estados que saíam de conflitos.
Em seguida, por meio de suas passagens pelo Camboja e por Timor Leste, nos anos 90 e no início desta década, o espectador descobre como Vieira de Mello se tornou um dos grandes nomes da diplomacia e das missões humanitárias. Nesse contexto, são apresentados seu talento de negociador e seu fervor pela diplomacia.
Por fim, a tragédia iraquiana é vista sob o prisma da legitimidade da missão da ONU, e a autora teve a sensibilidade de não expor o espectador às cenas da barbárie. A missão de Duarte foi cumprida. Com seu filme, os brasileiros poderão descobrir a real dimensão de Vieira de Mello. (MSM)


A Caminho de Bagdá
   
Quando: terça, às 22h35, no Canal Brasil


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