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Capaz de partir corações e pernas
especial para a Folha
Para Sinatra e sua época, uma
dose alcoólica era a medida de todas as coisas. Vivia em embalos
etílicos, mas sob responsabilidade
profissional e moral.
Paradoxo em sua combinação de
libertinagem e conservadorismo,
típico das lendas da indústria do
entretenimento norte-americano.
Lauren Bacall, vendo a ressaca
do grupo formado por Sinatra,
Judy Garland, Humphrey Bogart,
Sammy Davis Jr. e Dean Martin,
comentou: "Vocês parecem um
bando de ratos". Batizava assim o
célebre Rat Pack.
Suas bebidas favoritas eram uísque Jack Daniels e vodka Stolichnaya, Bloody Mary para o café da
manhã e Gin-Fizz para a ressaca.
Boêmio e briguento, "era capaz
de partir corações e também de
partir pernas". Adorava desancar
diatribes contra a imprensa.
Graças a uma piada sobre Louis
B. Mayer, foi demitido da Metro e
conseguiu o papel que alavancaria
sua carreira, o Angelo Maggio de
"A um Passo da Eternidade", pelo
qual recebeu o Oscar de ator coadjuvante em 1954.
Sinatra ficou obcecado com o
personagem, a ponto de renunciar
aos US$ 150 mil por filme que recebia em troca de US$ 8.000.
Sob inspiração de seu temperamento, tomou decididas resoluções. Como se sentia escravo na
Capitol, fundou, em 1960, sua
própria gravadora, a Reprise Records, lançando o disco
"Ring-a-Ding-Ding!".
Zehme chega a chamar seus discos de "eventos conceituais, alternando escuridão e luz, vendendo
em quantidades inigualáveis". Essa avaliação sui generis acabou nivelando a questão a uma disputa
de "royalties".
A biografia sentencia: "Assim
como em qualquer empreendimento seu, a bebedeira era sempre
conduzida com precisão e numa
medida artesanal".
No espírito efusivo de drinks e
spirits, pontificava sua arte de viver: "Quem sabe me candidato a
presidente? Aí vou espalhar o meu
slogan em cartazes pelo país inteiro: "Dêem-me uma garrafa e um
copo e eu viro a América pelo
avesso'".
(CA)
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