São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

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Capaz de partir corações e pernas

especial para a Folha

Para Sinatra e sua época, uma dose alcoólica era a medida de todas as coisas. Vivia em embalos etílicos, mas sob responsabilidade profissional e moral.
Paradoxo em sua combinação de libertinagem e conservadorismo, típico das lendas da indústria do entretenimento norte-americano.
Lauren Bacall, vendo a ressaca do grupo formado por Sinatra, Judy Garland, Humphrey Bogart, Sammy Davis Jr. e Dean Martin, comentou: "Vocês parecem um bando de ratos". Batizava assim o célebre Rat Pack.
Suas bebidas favoritas eram uísque Jack Daniels e vodka Stolichnaya, Bloody Mary para o café da manhã e Gin-Fizz para a ressaca.
Boêmio e briguento, "era capaz de partir corações e também de partir pernas". Adorava desancar diatribes contra a imprensa.
Graças a uma piada sobre Louis B. Mayer, foi demitido da Metro e conseguiu o papel que alavancaria sua carreira, o Angelo Maggio de "A um Passo da Eternidade", pelo qual recebeu o Oscar de ator coadjuvante em 1954.
Sinatra ficou obcecado com o personagem, a ponto de renunciar aos US$ 150 mil por filme que recebia em troca de US$ 8.000.
Sob inspiração de seu temperamento, tomou decididas resoluções. Como se sentia escravo na Capitol, fundou, em 1960, sua própria gravadora, a Reprise Records, lançando o disco "Ring-a-Ding-Ding!".
Zehme chega a chamar seus discos de "eventos conceituais, alternando escuridão e luz, vendendo em quantidades inigualáveis". Essa avaliação sui generis acabou nivelando a questão a uma disputa de "royalties".
A biografia sentencia: "Assim como em qualquer empreendimento seu, a bebedeira era sempre conduzida com precisão e numa medida artesanal".
No espírito efusivo de drinks e spirits, pontificava sua arte de viver: "Quem sabe me candidato a presidente? Aí vou espalhar o meu slogan em cartazes pelo país inteiro: "Dêem-me uma garrafa e um copo e eu viro a América pelo avesso'". (CA)



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