São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

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"Novo" Vittorio é mais caloroso e caseiro

JOSIMAR MELO
especial para a Folha

O Vittorio é um restaurante novo e, agora, mais novo ainda. Foi fundado em agosto do ano passado, no local onde funcionava o Saint Peter's Pier. Inaugurado por proprietários italianos, fez pouco sucesso e no fim do ano fechou.
Em janeiro reabriu na sua fase atual. Seu mentor e proprietário é agora o restaurateur Carlos Nasser, 55 anos, desde os 40 nessa área.
Antes disso ele foi ligado à indústria têxtil. No interior de São Paulo, em Jundiaí, manteve durante dez anos o restaurante Vito di Bari. Agora, enfrenta o desafio da capital.
Já com o proprietário anterior, o Vittorio teve uma reforma física que o tornou irreconhecível para os que frequentavam o Saint Peter's Pier. Uma reforma para melhor.
Com as novas janelas se debruçando sobre a rua, ele perdeu um pouco o ar de restaurante de flat (o que de fato é), antes realçado por estar retraído para dentro do prédio.
Com a entrada do novo proprietário, o local passou por uma revolução em seu cardápio. Perdeu o ar empolado e o serviço monótono do cardápio anterior, substituído por um outro cujas ofertas dão um ar mais caloroso e caseiro.
A atenção de Nasser, sempre por ali, também ajuda a tornar a nova fase do Vittorio mais aconchegante.
As massas são o destaque do restaurante. As frescas são feitas lá mesmo, como no garganelli cosa nostra (com molho cremoso flambado em vodca e juliana de pimenta vermelha).
As secas são importadas, de trigo duro -caso do penne rigatti à taormina (com salmão defumado, cogumelo shimeji, alho-poró, sementes de erva-doce, cebola e queijo mascarpone.
Em pratos como esses, de sua criação, há uma luta a ser resolvida entre idéias interessantes e excesso de ingredientes. O tempo poderá afinar o ajuste entre os dois contendores.
O zelo excessivo com o ponto do risoto (ou seja, o medo de que ele passe do ponto) produziu um efeito contrário num dos pratos experimentados: o risoto de mascarpone, vieira e camarões tinha sabor, mas o arroz estava praticamente cru.
No lado da tradição, um bom prato é a polenta al ragu: a polenta é preparada ao vapor e servida com o molho de carne e queijo pecorino. A carne poderia estar mais cozida, desfiando, mas isso pode ser uma questão de gosto. De toda forma, tinha bom sabor -e um preço, R$ 14, mais barato que qualquer das massas



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