São Paulo, Sábado, 20 de Março de 1999
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Pintor era vaidoso e tinha manias

da Sucursal do Rio

Junto com as fotos tiradas nos dois últimos anos de vida de Candido Portinari, que serão publicadas no livro "37 Anos sem Portinari, 37 Fotos com Portinari", o fotógrafo Flávio Damm tirou muitas conclusões sobre o pintor.
Uma: Portinari não era nada paciente. Tanto é que o contratou para fotografar a neta, "já que sabia que criança pequena chora, tem dor de barriga, não fica quieta, e ele provavelmente não teria a pachorra necessária para retratá-la como queria".
Outra: era muito ensimesmado e não estava interessado em fazer amigos. E era um homem vaidoso.
"Portinari se enfeitava muito para trabalhar. Normalmente usava colete, gostava de camisas vermelhas e colocava maquiagem leve."
Com a convivência diária, mais uma constatação: Portinari tinha mania de perseguição.
"Ele fazia restrição a muitas pessoas. Nunca sabia quem se aproximava por gostar dele ou por querer alguma coisa. Um dia me disse que os críticos o perseguiam porque ele não bebia cachaça."
Impaciente, ensimesmado, vaidoso, de poucos amigos e pouca conversa, assim era Portinari, segundo Damm, mas acima de tudo, concluiu no final de dois anos de convívio, era metódico.
"Portinari tinha uma vida episódica. Nunca misturava suas atividades. Tinha o momento do trabalho, do café, do cachimbo."
Foi por isso que resolveu dividir o livro "37 Anos Sem Portinari, 37 Fotos com Portinari" assim como o pintor dividia o seu dia-a-dia.
Chamou os capítulos de "O Café", "O Cachimbo", "As Tintas" -entre elas o amarelo de cádmio que levou o pintor a um processo de envenenamento pelas unhas-, "Os Pincéis" e "A Sua Última Paixão, A Neta".


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