São Paulo, sábado, 20 de maio de 2000


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Novo livro revisita convivência com Juscelino

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""Gaiola Aberta" é um livro decisivo na minha vida, porque nele desfaço mitos e dou novo sentido a algumas partes da história." Foi assim que Autran Dourado, 74, resumiu seu novo livro (a ser lançado em agosto), em uma palestra inspirada durante a Bienal do Livro de São Paulo.
Repleta de traços autobiográficos, a obra retrata o período em que Dourado trabalhou como secretário de imprensa no governo Juscelino Kubitschek.
"É um livro de memórias. Não acho que seja correto chamar o romance de "livro de fofocas". Algumas pessoas ficariam muito mal se aparecessem de verdade, por isso usei nomes fictícios. Não tenho o direito de esconder das pessoas certos fatos aos quais tive acesso durante aquele tempo", disse o escritor, referindo-se aos anos de assessoria presidencial.
Apesar da visão histórica imparcial reproduzida no livro, o autor faz questão de ressaltar suas posições políticas. "Tenho horror à ditadura, qualquer que ela seja. Ditadura da Igreja, dos políticos -nenhuma delas presta."
O tema das relações de poder já habitara as páginas de "A Serviço Del-Rei", um de seus romances agora relançados, em que Dourado compõe uma alegoria do sistema político brasileiro por meio das peripécias de dois personagens, o presidente Saturniano de Brito e seu assessor, João da Fonseca Nogueira.
Apesar da grande quantidade de livros que já produziu, Dourado garante que escreve apenas duas páginas por dia.
"Não gosto da palavra "inspiração". Prefiro dizer que sofro de "idéias súbitas'", brinca. "Certa vez tomei LSD para ver se conseguiria mesmo produzir além do normal. De fato, escrevi muito mais coisas em menos tempo. Só que, no dia seguinte, quando fui ver o resultado, eu tinha feito, com o perdão da palavra, uma grande "merda'".
(MARCELLA FRANCO)


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