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Novo livro revisita convivência com Juscelino
FREE-LANCE PARA A FOLHA
""Gaiola Aberta" é um livro decisivo na minha vida, porque nele
desfaço mitos e dou novo sentido
a algumas partes da história." Foi
assim que Autran Dourado, 74,
resumiu seu novo livro (a ser lançado em agosto), em uma palestra
inspirada durante a Bienal do Livro de São Paulo.
Repleta de traços autobiográficos, a obra retrata o período em
que Dourado trabalhou como secretário de imprensa no governo
Juscelino Kubitschek.
"É um livro de memórias. Não
acho que seja correto chamar o
romance de "livro de fofocas". Algumas pessoas ficariam muito
mal se aparecessem de verdade,
por isso usei nomes fictícios. Não
tenho o direito de esconder das
pessoas certos fatos aos quais tive
acesso durante aquele tempo",
disse o escritor, referindo-se aos
anos de assessoria presidencial.
Apesar da visão histórica imparcial reproduzida no livro, o autor faz questão de ressaltar suas
posições políticas. "Tenho horror
à ditadura, qualquer que ela seja.
Ditadura da Igreja, dos políticos
-nenhuma delas presta."
O tema das relações de poder já
habitara as páginas de "A Serviço
Del-Rei", um de seus romances
agora relançados, em que Dourado compõe uma alegoria do sistema político brasileiro por meio
das peripécias de dois personagens, o presidente Saturniano de
Brito e seu assessor, João da Fonseca Nogueira.
Apesar da grande quantidade
de livros que já produziu, Dourado garante que escreve apenas
duas páginas por dia.
"Não gosto da palavra "inspiração". Prefiro dizer que sofro de
"idéias súbitas'", brinca. "Certa
vez tomei LSD para ver se conseguiria mesmo produzir além do
normal. De fato, escrevi muito
mais coisas em menos tempo. Só
que, no dia seguinte, quando fui
ver o resultado, eu tinha feito,
com o perdão da palavra, uma
grande "merda'".
(MARCELLA FRANCO)
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