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CINEMA - VERÃO AMERICANO
Quem vai enfrentar Godzilla?
AMIR LABAKI
enviado especial a Cannes
Nem a fortaleza Cannes, capital
do cinema de autor, resiste a
Hollywood. A temporada de verão
dos "blockbusters" americanos
de verão invade a Riviera francesa.
Bruce Willis bagunçou a cidade
nos dois últimos dias com a divulgação de "Armageddon". "Godzilla" estréia hoje nos EUA e encerra o festival no domingo.
A onda chega ao Brasil já nesta
sexta com a estréia de "Impacto
Profundo", de Mimi Leder, que
abriu há 15 dias a safra de férias
nos EUA. A superprodução da
Dreamworks (leia-se Spielberg) já
se pagou, tendo arrecadado até o
último domingo cerca de US$ 73
milhões. Liderou as bilheterias
nessas duas últimas semanas, prenunciando um verão bom em negócios. Em filmes, bem, as maiores produções não parecem exatamente animadoras.
"Impacto Profundo" carrega
no melodrama enquanto o presidente Morgan Freeman tenta salvar o planeta da colisão com um
cometa gigantesco. O roteiro é o
ponto fraco, abusando de soluções
inverossímeis. Ainda assim, funcionou.
Não surpreende, assim, que a
Hollywood pós-"Titanic" indague-se sobre as novas preferências
dos espectadores. Sem outro veículo para Leonardo DiCaprio imediatamente à vista, a questão é se a
face espetacular vai continuar impondo-se sobre o apelo dramático.
"Impacto Profundo" puxou a
fila, mas a maior aposta do cinema
de efeitos especiais é "Godzilla",
de Roland Emmerich. "Tamanho
importa sim", troveja a colossal
campanha, que distribui 8.000
outdoors gigantes pelo país afora.
O recorde de "Titanic" não está
em jogo. As apostas giram em torno de outro título: o de maior arrecadação no final de semana de estréia. O atual campeão é "O Mundo Perdido - Jurassic Park", de
Spielberg, que em maio do ano
passado contou a bagatela de US$
90,2 milhões.
Mas "Godzilla" pode ter o mesmo destino de "Batman e Robin"
e "Velocidade Máxima 2", sucessos de prancheta que fracassaram.
O mesmo vale para "Armageddon", no qual a "Variety", apostava suas fichas, ao menos até a
decepcionante prévia em Cannes
(leia texto abaixo).
Em outra escala, mas também
apostando em tiros e explosões, a
safra inclui ainda "Máquina Mortífera 4", com Mel Gibson e
Danny Glover sendo acompanhados agora por Chris Rock (o DJ hilário de "O Quinto Elemento"),
"Snake Eyes" (Olhos de Cobra),
de Brian De Palma, e Antonio
Banderas enfrentando Anthony
Hopkins em "The Mask of Zorro" (A Máscara de Zorro).
"Thrillers" também podem ser
"cool". Os dois mais fortes candidatos deste ano nasceram como
cultuadas séries de TV -com três
décadas de diferença. "The Avengers" (Os Vingadores) traz Ralph
Fiennes e Uma Thurman como os
charmosos agentes britânicos que
enfrentam, quem diria, o vilão
Sean Connery.
"The X-Files" aposta no time
que deu certo: David Duchovny e
Gilliam Anderson mantêm-se nos
papéis dos agentes do FBI que investigam eventos extraordinários,
e o criador da série, Chris Carter,
assina o roteiro.
Mas nem tudo é ligeiro neste verão hollywoodiano. Anuncia-se
para este meio de ano uma rara safra de filmes dramáticos que pode
adiantar a briga pelo Oscar.
O mais original promete ser
"The Truman Show", de Peter
Weir, em que um contido Jim Carrey interpreta um homem que
descobre ter vivido desde o berço
sob as câmeras de uma ininterrupta telenovela-verdade.
Steven Spielberg volta ao cinema
dito "sério" com "Saving Private
Ryan" (Salvando o Recruta
Ryan), um drama passado durante a Segunda Guerra com Tom
Hanks e Matt Damon nos papéis
centrais.
Por sua vez, "O Encantador de
Cavalos" ("The Horse Whisperer") é o "As Pontes de Madison" do ano, com Robert Redford
como o veterano galã e Kristin
Scott Thomas como sua balzaquiana conquista. Deu-se bem na
estréia da última sexta, arrecadando US$ 14 milhões e conquistando
o segundo posto.
Há ainda quem filme perigosamente. Warren Beatty dirige e interpreta "Bulworth", em que faz
um senador politicamente incorreto que só fala verdades. O zumbido recomenda, mas o trailer é
constrangedor.
Você acreditaria em cenas de
amor de Harrison Ford com Anne
Heche, a namorada de Ellen DeGeneres? "Six Days, Seven
Nights" (Seis Dias, Sete Noites),
de Ivan Reitman, faz o teste.
O mundinho disco ressuscita em
dois projetos polares. "The Last
Days of Disco", de Whit Stillman
("Barcelona"), romantiza a primeira era Travolta, enquanto
"54" traz Mike Myers ("Austin
Powers") como o último rei das
discotecas, Steve Rubell, do Studio
54 de Nova York.
Por fim, três filmes devem disputar a preferência das crianças. O
desenho Disney da estação é
"Mulan", em que uma jovem
oriental disfarça-se de rapaz para
salvar a vida do pai.
Mas a Warner saiu na frente com
"Quest for Camelot", outra variação das aventuras na corte do
rei Arthur. Foi a terceira bilheteria
do último fim-de-semana.
Já Eddie Murphy aposta no filão
infantil conversando com animais
em "Doctor Dolittle".
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