MÔNICA RODRIGUES DA COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

O filme brasileiro "O Grilo Feliz", com roteiro e direção de animação de Walbercy Ribas, pode ser um desenho animado tecnicamente competente, com cores festivas e imagens engraçadinhas, mas não tem consistência de enredo.
O longa-metragem de 82 minutos conta a história de Feliz e seus amigos insetos, que vivem em uma floresta subitamente ameaçada pelo lagarto Maledeto, por um louva-a-deus submisso a esse chefe e por um bando de sapos malditos.
Maledeto surge na floresta destruindo as árvores e proibindo que os habitantes toquem ou ouçam música. Ele inventa de querer um diamante que vê no céu, exigindo que seus capangas busquem o tesouro. Além disso, o vilão é um devorador de insetos -sua refeição predileta.
O enredo do desenho não funciona não por ser igual a centenas de outros argumentos de produções dirigidas às crianças, com um mocinho, um vilão e uma série de boas ações vencendo a maldade humana. O problema são os elos narrativos, que aparecem confusamente.
O espectador descobre sem problemas, por exemplo, que o diamante desejado por Maledeto é uma estrela. Mas ela ganha vida de repente e é enviada à Terra por um deus que não havia sido apresentado antes ao público.
A Estrela Linda, sem razão inteligível, transforma-se numa mulher (não há humanos no filme) que não significa nada para a continuidade da história. Não há papel para a personagem.
As mensagens ecológicas não são baseadas nas experiências dos personagens, para que eles aprendam com essa vivência. O resultado é a panfletagem ecológica discursiva e ineficaz.
A própria música, que seria o mote ou o objeto transformador do desenho, já que tem o poder de atrair a Estrela Linda, tem função mal desempenhada, pois seu poder de ação não fica claro.

O Grilo Feliz
 
Direção: Walbercy Ribas
Produção: Brasil, 2001
Quando: a partir de hoje nos cines Central Plaza, Interlagos, Jardim Sul, Shopping D, SP Market, Tamboré e circuito