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ERIKA PALOMINO
YES, O RIO TAMBÉM TEM SUA MODA
Aconteceu no Rio de Janeiro de
domingo a quarta-feira a oitava
edição da Semana BarraShopping
de Estilo, que reuniu 30 desfiles
em tendas armadas no estacionamento do shopping que batiza e
patrocina o evento.
Foi a mais consistente versão da
temporada carioca de desfiles,
apresentando evoluções dentro
de um estilo carioca de fazer moda. Se a montagem ainda apresentava alguns problemas, como
atrasos em efeito dominó (como
em São Paulo) que chegavam a
três horas no final do dia e oscilações de luz na passarela que
enlouqueciam os fotógrafos, esta
edição indicou passos mais consistentes em relação a um estilo
carioca de vestir.
Em termos de público, a audiência não parece composta de
profissionais de moda ou fashionistas em sua maioria, mas o caráter de "programa" caracterizado
pelo evento junto aos cariocas
serve para difundir um gosto pela
moda até então pouco expressivo.
Ainda, como característica desta oitava edição, a ação do juiz Siro Darlan junto às modelos menores de idade que não estudam
(!!) resultou numa caçada que
mobilizou o evento nos dois primeiros dias, perturbando estilistas e bookers nos camarins.
A idéia era evitar que adolescentes sejam explorados pelos pais na
passarela e, de tão absurda, chega
a ser risível, especialmente porque no Brasil é só sair de casa de
carro para dar de cara com menores de idade sendo explorados em
cruzamentos de trânsito e sabe-se
lá mais onde.
Num mercado controlado como o brasileiro, certamente não é
na moda que eles são explorados,
e a medida deixou de fora do
evento duas das atuais estrelas da
moda brasileira e internacional: a
sensacional Jeísa Chiminazzo e a
elegante Raica, ambas com 17
anos, que pararam de estudar,
mas enfeitam passarelas de Dior a
Chanel. Por fim, a "preocupação"
do juiz tomou conta da mídia em
relação ao evento e motivou um
protesto dos produtores, que, no
último dia, usaram uma camiseta
em que se lia a frase "vamos falar
de moda".
A indústria de moda do Rio precisa de um apoio sério e de um envolvimento de todos os setores da
sociedade para prosperar. O Brasil também precisa disso. Os melhores desfiles da temporada carioca foram British Colony, Carlos Tufvesson, Maria Bonita Extra, Sta. Ephigenia, Amazon Life,
Salinas, Andrea Saletto e Coopa-Roca.
COLLIN MCDOWELL
FAZ BALANÇO
O jornalista inglês Collin
McDowell também esteve no
Rio, onde assistiu a alguns desfiles. Ele disse que adora o Brasil, mas faz críticas pesadas aos
atrasos: "Isso parece ineficiência". Acha também que Rio de
Janeiro e São Paulo devem se
unir, e não brigar pelo posto de
capital da moda no Brasil. Em
relação à temporada brasileira
como um todo, ele avalia: "As
pessoas são ótimas, e os shows
são como nas outras capitais,
alguns bons, outros nem tão
bons assim, e a grande diferença é a ineficiência. Não vale a
pena vir até que eles se organizem".
MODELO REVELAÇÃO
NO RIO
A temporada de moda do Rio
serviu para revelar o modelo
João Vellutini, 17, um dos rostos
mais incríveis da estação. João é
um típico garoto carioca. Estudante do colégio hype Santo
Inácio (tradicional celeiro de
belezas na cidade), João foi descoberto em Ipanema por um
olheiro de uma agência internacional, que o recomendou a
Serginho Mattos, o diretor da
Mega/Rio. Ele participou da Casa de Criadores, onde fez Rodrigo Fraga e Giuliano e depois a
Ellus. Mas foi somente aqui no
Rio que brilhou nas passarelas
de Foch, Totem e Complexo B.
E olha que por pouco João não
fica de fora do evento, já que
por conta do babado do juizado
ele não pôde desfilar no primeiro dia. João quer fazer vestibular para economia e só pretende
trancar a faculdade se estiver
trabalhando e ganhando muito
dinheiro. João é garoto de praia
mesmo e não tira as bermudas
de surfista. Está perfeito para a
moda carioca, então. No feminino, o Rio coroou a black model Fabrícia Santana com corpo
perfeito, que foi conquistando
e, no último desfile, de Frankie
Amaury, foi aplaudida em todas as entradas. "Estou superfeliz com esse reconhecimento.
Valeu a pena", disse a modelo.
DEVON DESFILA ATÉ
COM PÉ TORCIDO
Que coisa! A modelo norte-americana Devon Aoki chegou
para desfilar na Semana Barra-
Shopping de Estilo com o pé
torcido. Ela sofreu a contusão
quando estava passeando com
o cachorro de seu namorado,
Lenny Kravitz (que tal?). "É um
cachorro muito grande, eu estava de salto alto no passeio. O cachorro brigou com outro cão
que passava por perto, me puxou e acabei caindo", conta. Depois de uma polêmica que durou o dia todo, se ela desfilaria
ou não para a marca de biquínis
Lenny, decidiu-se que ela teria
condição de desfilar, mas descalça, e não com a sandália das
outras modelos. Tiras de tule
foram colocadas sobre a tornozeleira da modelo e ela entrou,
meio puxandinho a perna na
terceira entrada. No rosto impassível, ela nem deixou transparecer que estava sentido dor.
"Mas doeu", ela me disse, depois, com o pé para cima. Devon é amiga e musa de Jeremy
Scott e diva de Karl Lagerfeld.
Começou a desfilar com 14 anos
e hoje tem 18. Disse ser amiga
das brasileiras Ana Claudia,
Raica e Gisele. Filha de pai japonês e mãe americana, ela acha
"injusta" a ausência de modelos
japonesas nas passarelas.
MODA PRAIA É
ASSUNTO SÉRIO
Salinas fez o melhor desfile de
moda praia com sensacionais
estampas trazidas do Museu de
Arte Naif retratando a moda do
Rio. Ao som de trilha original
de Jorge Benjor em megadesfile
superbadalado. A marca de
moda praia de Lenny Niemeyer
tem status de big label. Seu desfile, na maior sala do Barra-
Shopping, foi o mais glamouroso em termos de público, com
muitas celebrities e gente bacana. Depois, foram todos para o
apartamento da estilista em seu
prédio (o prédio é dela) na Lagoa. Lá, champanhe sem acabar
e margarita eram os drinques
dos fashionistas para combater
o calor do inverno carioca.
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