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ARTES PLÁSTICAS
Diretores e curadores comentam manutenção do curador alemão para a 26ª Bienal de São Paulo, em 2004
Indicação de Hug instala controvérsia
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Há um clima de controvérsia com o anúncio, realizado na última terça-feira, do novo presidente da Fundação Bienal, Manoel Francisco Pires da Costa, em
manter Alfons Hug como curador da próxima Bienal de São Paulo. Hug disse que "seria uma honra difícil de recusar".
A Folha ouviu curadores e diretores de museu sobre o assunto. A maioria afirmou não concordar com a escolha. "Não tenho nada contra Hug, mas agora que a instituição acalmou é o momento de
recuperar o tempo perdido e, para tanto, é necessário um curador
de fato mais ligado à produção
contemporânea", diz Martin
Grossman, ex-diretor do Museu
de Arte Contemporânea da USP.
No geral, há um consenso de
que Hug, apesar das polêmicas
geradas na gestão de Carlos Bratke, conseguiu realizar uma Bienal.
"Se não decepcionou, tampouco
empolgou. Apesar do sucesso de
público, nada se viu do avanço do
pensamento artístico esperado na
primeira grande mostra do milênio", afirma José Guedes, curador
do Centro Dragão do Mar, em
Fortaleza, sede da mais nova bienal brasileira, programada para
dezembro, tendo à frente o belga
Jan Hoet.
As críticas não são unânimes.
"Hug funcionou como bombeiro
na Bienal. Agora ele pode fazer
uma mostra de verdade, pois já
conhece os importantes centros
artísticos", afirma Nelson Aguilar,
curador da Bienal do Mercosul.
Tal opinião é compartilhada por
Fernando Cocchiarale, diretor do
Museu de Arte Moderna do Rio:
"Hug organizou a Bienal em condições difíceis, não se pode avaliá-lo com tal precedente".
Entretanto as críticas não vão
apenas contra o curador, mas
também contra o modelo de escolha. "Os dirigentes só podem levar
em conta números e cifras, não se
pode exigir deles um fundamento
intelectual em sua análise ou escolha do curador. Na Documenta, a
mais importante mostra contemporânea, quem indica o diretor da
mostra é um colégio de curadores
internacionais, após entrevistas e
análises de projetos", diz Adriano
Pedrosa, curador do Museu da
Pampulha, em Belo Horizonte.
Já Tadeu Chiarelli, ex-diretor do
Museu de Arte Moderna de São
Paulo, defende que a própria instituição deveria ser repensada. "O
espaço físico da Bienal determina
um tipo de exposição que não há
curadoria que suporte. O evento
deveria ser repensado por inteiro,
não dá mais para repetir esse feirão", afirma.
Pedrosa acha ainda que São
Paulo não deveria repetir curadores: "Nas mostras internacionais,
isso só ocorreu com o Harald
Szeeman, em Veneza, mas ele pode ser considerado o mais importante da atualidade". A decisão final deve ser anunciada nesta semana por Pires da Costa.
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