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POLÊMICA
Empresas oferecem propostas, e membros da ABPD defendem adoção de SoundScan para disciplinar controle
Começa debate de alternativas à numeração
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto se aguarda, no prazo
de uma semana, a definição dos
16 nomes que constituirão o grupo de trabalho que deve entregar
em 30 dias a Fernando Henrique
Cardoso uma alternativa para a
numeração das obras literárias,
musicais e científicas, já aparecem
propostas no sentido de viabilizar
um modo mais efetivo de controle do direito autoral no Brasil.
O grupo organizado em torno
da deputada Tânia Soares (PC do
B-SE), que teve seu projeto de numeração vetado na quarta-feira
por FHC, recebeu estudos de ao
menos quatro empresas que afirmam a viabilidade de criar selos
de controle e/ou numeração.
Um deles é o da Opsec, que fabrica os selos antipirataria atualmente aplicados nos estojos de
CDs fabricados no país e numera
cédulas de Euro e franquias da
Disney, NBA, Fifa e Adidas.
O novo selo, mais sofisticado,
conteria senha de proveniência de
lote legível eletronicamente. O
custo seria de R$ 0,03 por cópia. A
firma alemã Kuz, com experiência na numeração de dinheiro, teria proposta parecida.
Há ainda a proposta da DCL,
pela qual cada produto ou lote teria um código específico decodificável por uma lente, com custo estimado de R$ 0,01 por unidade. A
empresa Water Mark propõe a inserção de uma holografia com decodificação eletrônica, que ficaria
entre R$ 0,02 e R$ 0,03 por cópia.
Do lado da indústria fonográfica, o diretor-geral da Associação
Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), Márcio Gonçalves,
aventou, no jornal "Valor Econômico", a adoção do sistema norte-americano, em que a empresa independente SoundScan instala
softwares em cada loja e por código de barras comunica a uma central cada CD vendido em loja.
Gonçalves não atendeu a Folha
para esclarecer se a ABPD defende oficialmente o SoundScan.
Esse é o modelo preconizado
pelo presidente da Trama (também filiada à ABPD), João Marcello Bôscoli. "Não tenho nada contra o CD ser numerado, mas acho
que não é o método ideal. Se voltarem discos das lojas, não voltarão em série. Auditorias serão necessárias, de todo modo", afirma.
"O SoundScan é o fim da mentira. Ou é isso ou não há outro jeito
de fazer um controle confiável",
diz, defendendo que o registro de
cada CD vendido na ponta final
do processo eliminaria o vício de
tomar vendagens e oferecer discos de ouro e platina com base
nos CDs repassados às lojas (e
passíveis de devolução), não ao
consumidor.
Lobão, defensor ferrenho da
numeração, usa argumento da indústria fonográfica para questionar a viabilidade de adoção de um
sistema tipo SoundScan: "É bacana, mas dizem que fica muito caro, talvez não seja viável".
Convidados pela Folha a oferecer suas sugestões, os presidentes
das seis maiores gravadoras do
país se mantiveram em silêncio
até a conclusão desta edição.
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