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Mercado editorial não encontra saídas
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado editorial parece ter
sido pego de calças curtas pela
possibilidade de propor uma alternativa à numeração.
A Câmara Brasileira do Livro e a
Abrelivros (representante dos
editores de livros escolares) estão
estudando possibilidades. Ambas, porém, não estão no grupo de
trabalho a ser criado pelo governo. Editores e autores ouvidos pela Folha disseram não ter idéias
realmente efetivas a oferecer.
Em parte isso se dá porque o
mercado editorial não crê em mecanismos além dos já regularmente oferecidos a seus contratados, como o direito do autor de
pedir auditoria das tiragens e o
envio de aviso de reimpressão.
Mesmo a numeração, de praxe
dispensada pelos autores, se dá,
quando exigida em contrato, como faz Raduan Nassar. Em maio,
a Folha apurou que numerar seus
livros custava à Companhia das
Letras R$ 0,13 por exemplar.
Esse custo, porém, varia segundo fatores como o tamanho da tiragem e se a editora tem gráfica
própria ou não. A Record, que
imprime seus livros, estudou o
impacto da operação no preço final e concluiu que cada título custaria ao consumidor R$ 1 a mais.
Resta esperar: o Sindicato Nacional dos Editores de Livros diz
ter chegado a alternativa viável,
mas a mantém em sigilo até poder
discuti-la no grupo de trabalho.
Carlos Augusto Lacerda, 40, da
Nova Fronteira, dá uma pista: inserir no código de barras, que já
existe, um número proporcional
a cada impressão. Mas admite
que isso não impediria o "pirata
deliberado" de fraudar o número.
O escritor Fernando Morais, 55,
diz não ver saída prática. "Relação
entre autor e editor é como a de
marido e mulher. O simples fato
de desconfiar de prevaricação significa que ela já foi para o brejo."
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