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ARTES PLÁSTICAS
Exposição apresenta trabalhos pouco conhecidos do pintor, como série para Hans Staden feita nos anos 40
Pinacoteca mostra o avesso de Portinari
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
No próximo dia 30/12 são completos os cem anos de nascimento
de Candido Portinari (1903-62).
As comemorações, que se estenderam ao longo de 2003 e continuarão em 2004 através de exposições e lançamentos de livros,
chegam à Pinacoteca de SP com a
mostra "Portinari: O Homem
Brasileiro", com 48 obras de duas
coleções bem distintas de obras
do pintor de Brodósqui (SP).
Uma é a série de ilustrações que
Portinari fez para "Duas Viagens
ao Brasil", de Hans Staden, nos
anos 40. A outra se trata de parte
dos estudos do pintor -produzidos entre 36 e 44 para os "Ciclos
Econômicos"- e alguns dos murais pintados no Palácio Gustavo
Capanema, então sede do Ministério da Educação e Cultura (RJ).
Ambas estarão expostas a partir
de amanhã, ao lado de óleos do
artista, dentre os quais "O Mulato", que dá força à intenção da exposição de mostrar o interesse de
Portinari pela representação do
homem brasileiro.
Os desenhos para a obra de
Hans Staden foram resultados da
exposição realizada por Portinari
no MoMA (Nova York), em 1940.
O editor George Macy gostou do
que viu na individual do artista e
convidou o pintor para ilustrar
uma edição de "Duas Viagens ao
Brasil". O convite resultou em
uma intensa correspondência e
alguns desentendimentos.
"Macy não gostou das ilustrações e teria considerado "muito
fortes'", explica Regina Teixeira
de Barros, pesquisadora da Pinacoteca, em alusão às imagens de
canibalismo que Portinari tratou
de transpor dos relatos para o
nanquim. Além disso, o editor
americano ficou decepcionado ao
se deparar com um estilo um tanto diferente do que havia conhecido na exposição do MoMA.
Em vez de grandes blocos de cores, de figuras robustas ou da representação um pouco mais folclórica do que teria sido a experiência de Hans Staden, havia
apenas linhas mais soltas para dar
forma às cenas "fortes". Macy ficou decepcionado, Portinari, irritado, e o projeto não foi adiante.
Já a série de estudos para os "Ciclos Econômicos" traz outras peculiaridades. "Portinari fez mais
de 200 estudos para os murais,
mas os que serão apresentados
são especiais por se tratarem de
estudos de cores e por serem finais, não iniciais", aponta Barros.
"Gado", "Ferro" e "Café" ganham, então, uma visão mais cuidadosa de seus detalhes, com uma
paleta de cores ao lado e um esboço do que viriam a ser depois. O
mesmo para "Carnaúba".
"Quem definiu quais seriam os
ciclos econômicos representados
foi o gabinete de [Gustavo] Capanema, cujo chefe era [Carlos]
Drummond [de Andrade]. Haviam pensado em 11 painéis, mas
acabou sobrando espaço para
mais um", conta Barros.
PORTINARI: O HOMEM BRASILEIRO.
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz,
2, SP, tel. 0/xx/11/229-9844). Quando:
amanhã, às 10h, para convidados; de ter.
a dom., das 10h às 17h30; até 4/1.
Quanto: R$ 4 (grátis aos sábados).
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