do enviado a Nova York

O diretor romeno Andrei Serban, lembrado pela ritualística "Trilogia Antiga" que mostrou em São Paulo, é referência do teatro experimental nos EUA. Levado para o La MaMa em 1970, retornou à Romênia em 91, mas já está de volta a Nova York.
Este ano ele vem se dedicando a Shakespeare, com "Cymbeline", "The Taming of the Shrew" e, em ensaios, "The Merchant of Venice". "The Taming of the Shrew" ou "A Megera Domada", como é traduzida no Brasil, esteve em cartaz até a semana passada no renovado e ampliado La MaMa.
A comédia, sobre uma mulher irascível e algo feminista que é "domada" pelo marido, conflita com os ritos envolventes que tanto marcaram o público brasileiro.
O objetivo de Serban, agora, era não o "resgate" (a "Trilogia" trazia trechos em grego antigo), mas a assimilação de Shakespeare na atualidade. Por atualidade, entenda-se trazer o confronto homem/mulher para a sociedade saturada por Jerry Springer (o Ratinho da TV americana) e programas de luta livre. Petruchio, o marido, e Kate se enfrentam num ringue.
A ambiência é contemporânea, a começar do cenário, e a comédia é "rasgada", com não poucas passagens grosseiras, mas é possível distinguir a busca de Serban pelo que chama de "estado de graça": o esforço do ser humano de domar a si mesmo -e não uma mulher. A reunião de Petruchio/Kate, no final, é a alegoria básica.
Por outro lado, como o elenco é de atores formandos do próprio Serban, também diretor da escola de teatro da Universidade Columbia, a alegoria remete à conquista da plenitude pelo artista. Apesar das várias diferenças, é assim o mesmo Serban da emocionante "Trilogia Antiga".
(NS)



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