DA REDAÇÃO

A seguir, o líder dos Jordans, o guitarrista Aladdin, fala sobre o início do grupo e suas adolescentes cantorias românticas, sobre o famoso encontro com os Beatles e de como ajudaram Roberto Carlos em um programa de TV. (TN)

O COMEÇO
"Éramos crianças, em 1954, 55. Nós tínhamos violões e fazíamos serenatas para as garotas. Não tínhamos guitarra. O primeiro a ter guitarra no Brasil foi o Betinho [de Betinho e seu Conjunto]. Ouvíamos Ventures, Shadows, Cousins, bandas que faziam rock instrumental, tipo uma surf music. Não sabíamos inglês, então não cantávamos. Depois começamos a tocar na boate Lancaster, que ficava na rua Augusta [SP]."

O SUCESSO
"Estreamos na TV no programa do Tony e da Celly Campello, mas só estouramos mesmo com "Blue Star", do nosso segundo disco. Na época, entre 60 e 65, o rock instrumental era bastante forte aqui no Brasil. Fomos ao programa do Antônio Aguilar [rádio Nacional], fazíamos shows em circos com o Carlos Gonzaga. E depois fizemos mais sucesso ainda quando lançamos "Tema de Lara". Mas não ganhamos muito dinheiro, não. Pelo menos não como se ganha hoje em dia."

ROBERTO CARLOS
"Em 62, estávamos escalados para tocar no "Astros do Disco", na Record, quando um empresário conhecido nos chamou e disse que tinha um garoto, o Roberto Carlos, que queria cantar "Splish Splash" [Bobby Darin], mas precisava de uma banda de apoio. Dissemos que tudo bem, tocaríamos com ele. Perguntamos: "Roberto, você canta no mesmo formato da versão original, verso, refrão...?". Ele respondeu: "Sim". Falamos: "Então fica tranquilo, não se preocupa porque vai dar tudo certo". E deu certo. Foi ótimo."

O ENCONTRO COM OS BEATLES
"Fomos excursionar pela Espanha e Itália em 67, por um mês. Antes de voltar, passamos por Londres para comprar instrumentos. Era 6 de novembro. Estávamos almoçando em Piccadily Circus e vimos o John, o Paul e o Ringo saindo do restaurante. Eles atravessaram a rua e entraram num estúdio. Estavam fazendo a montagem do filme "Yellow Submarine". Batemos na porta do estúdio, e o Lennon atendeu. Nosso intérprete disse a ele que éramos músicos brasileiros e, para provar, mostramos cinco LPs nossos que haviam sido lançados na Espanha e que iríamos levar ao Brasil como recordação. O Lennon pensou que era um presente para ele e pegou todos os cinco discos... Mas ele nos deixou entrar e ficamos conversando por uns 20 minutos. O Ringo sentou perto do Foguinho [baterista dos Jordans] e pediu a ele que lhe ensinasse umas levadas de bossa nova... Como não tinha bateria, ficaram batucando em uma mesa... Filmamos tudo em Super 8 e, quando voltamos, ninguém acreditava na história. Mostramos uma foto desse encontro para o Roberto [Carlos], e ele disse que era montagem. Só acreditou quando viu o filme."

A VOLTA E O NOVO CD
"Não brigamos, mas de 72 a 92, quase não nos vimos. Depois nos encontramos num estúdio e ficamos empolgados para tocar novamente. Há um mês fomos ao Garagem [extinto programa na rádio Brasil 2000] e, depois do Carnaval, vamos começar a fazer shows pelo país para divulgar o novo CD, onde resgatamos alguns sucessos nossos, alguns do Ventures e outras músicas novas. Estamos satisfeitos com o resultado. A gente fica mais exigente quando fica velho."