São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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CINEMA

FESTIVAL

Evento na cidade holandesa contará com oito produções brasileiras; nesta edição, Julio Bressane é membro do júri

Roterdã arrisca com produção periférica

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

O Festival de Roterdã, na Holanda, ponto de encontro anual dos realizadores de cinema independente do mundo, dá partida hoje à sua 33ª edição. A participação brasileira é mais do que significativa, com a presença de Julio Bressane no júri oficial e de oito filmes (quatro longas e quatro curtas) nas mostras paralelas.
Roterdã é um dos poucos grandes eventos europeus de fato dedicado à renovação de linguagem. A mostra competitiva (que no ano passado exibiu "Narradores de Javé") privilegia cinematografias periféricas e só aceita obras de diretores com no máximo dois longas no currículo. Paralelamente, o festival oferece um mercado (CinemArt) cuja especialidade é aproximar investidores europeus de produtores de todo o mundo, e ainda distribui um fundo, batizado em homenagem ao fundador do festival (Hubert Balls) com o objetivo de ajudar a decolar projetos arriscados, de difícil engenharia financeira.
A competição (Tiger Awards) costuma trazer um leque de representatividade bem maior do que qualquer festival "mainstream". Neste ano há produções da América Latina, África, Ásia e de toda a Europa.
No programa principal, uma reunião de destaques da produção mundial em 2003, o Brasil entra com "Filme de Amor", de Bressane, "O Caminho das Nuvens", de Vicente Amorim, e "Justiça", documentário de Maria Augusta Ramos, brasileira que morou 14 anos na Holanda e que foi premiadíssima por lá com "Desi" (2001). A seleção de curtas, também corpulenta, traz "Boi", de Nereu Cerdeira e Eder Felistone, "Uma Estrela para Ioiô", de Bruno Safadi, "KM 0", de Marcos Guttmann, e "Um Movimento Quase Qualquer", co-produção França-Brasil, de Cecilia Lang.
Como grande parte dos realizadores mais ousados nos últimos anos surgiu na Ásia, Roterdã acabou se consolidando como uma caixa de ressonância para o cinema desta região na Europa. Por isso, o filme de abertura será "Zaitochi", de Takeshi Kitano, que lhe rendeu o prêmio de melhor direção em Veneza. Três cineastas serão tema de focos especiais, com a exibição de suas obras praticamente completas: o franco-chileno Raoul Ruiz, americano Ken Jacobs, e o nigeriano Tunde Kelani.


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