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CINEMA
FESTIVAL
Evento na cidade holandesa contará com oito produções brasileiras; nesta edição, Julio Bressane é membro do júri
Roterdã arrisca com produção periférica
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
O Festival de Roterdã, na Holanda, ponto de encontro anual
dos realizadores de cinema independente do mundo, dá partida
hoje à sua 33ª edição. A participação brasileira é mais do que significativa, com a presença de Julio
Bressane no júri oficial e de oito
filmes (quatro longas e quatro
curtas) nas mostras paralelas.
Roterdã é um dos poucos grandes eventos europeus de fato dedicado à renovação de linguagem.
A mostra competitiva (que no
ano passado exibiu "Narradores
de Javé") privilegia cinematografias periféricas e só aceita obras de
diretores com no máximo dois
longas no currículo. Paralelamente, o festival oferece um mercado
(CinemArt) cuja especialidade é
aproximar investidores europeus
de produtores de todo o mundo, e
ainda distribui um fundo, batizado em homenagem ao fundador
do festival (Hubert Balls) com o
objetivo de ajudar a decolar projetos arriscados, de difícil engenharia financeira.
A competição (Tiger Awards)
costuma trazer um leque de representatividade bem maior do
que qualquer festival "mainstream". Neste ano há produções
da América Latina, África, Ásia e
de toda a Europa.
No programa principal, uma
reunião de destaques da produção mundial em 2003, o Brasil entra com "Filme de Amor", de
Bressane, "O Caminho das Nuvens", de Vicente Amorim, e "Justiça", documentário de Maria Augusta Ramos, brasileira que morou 14 anos na Holanda e que foi
premiadíssima por lá com "Desi"
(2001). A seleção de curtas, também corpulenta, traz "Boi", de
Nereu Cerdeira e Eder Felistone,
"Uma Estrela para Ioiô", de Bruno Safadi, "KM 0", de Marcos
Guttmann, e "Um Movimento
Quase Qualquer", co-produção
França-Brasil, de Cecilia Lang.
Como grande parte dos realizadores mais ousados nos últimos
anos surgiu na Ásia, Roterdã acabou se consolidando como uma
caixa de ressonância para o cinema desta região na Europa. Por isso, o filme de abertura será "Zaitochi", de Takeshi Kitano, que lhe
rendeu o prêmio de melhor direção em Veneza. Três cineastas serão tema de focos especiais, com a
exibição de suas obras praticamente completas: o franco-chileno Raoul Ruiz, americano Ken Jacobs, e o nigeriano Tunde Kelani.
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