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TELEVISÃO
Record envia carta e pede a instituto que mede audiência uma reunião para explicar suposta omissão de dados
Ibope não comenta "sumiço" de liderança
COLUNISTA DA FOLHA
O Ibope não se pronunciou ontem sobre o questionamento da
Record em relação à variação entre a audiência prévia e a consolidada, que prejudicaram a emissora e favoreceram a Globo.
Procurado pela Folha, o instituto se limitou a enviar por e-mail,
via sua assessoria de imprensa, o
seguinte texto: "O Ibope divulga
diariamente dados de audiência
com características técnicas conhecidas pelas emissoras e aprovadas por auditorias contínuas. O
Ibope não comenta os dados obtidos pelas emissoras".
Para a Record, o "sumiço" dos
cinco minutos em que a novela
"Prova de Amor" bateu o "Jornal
Nacional" continua sendo um
mistério tão intrigante quanto o
suposto assassinato da vilã Bia
Falcão em "Belíssima".
Até ontem, segundo Alexandre
Raposo, presidente da Record, o
Ibope não havia fornecido nenhuma explicação formal do que
teria ocorrido. O instituto, informalmente, teria dito apenas que
houve problemas técnicos.
Raposo decidiu ontem enviar
uma carta ao Ibope formalizando
a "estranheza" da emissora. Pediu
também ao instituto uma reunião
para receber explicações.
"Não estamos questionando se
o Ibope não é sério. Mas é muito
estranho que só os dados da Globo cresçam da prévia para o consolidado", afirmou Raposo.
A posição do executivo é a mais
"polida" dentro da Record. Nos
bastidores da TV, há muita indignação -o relatório consolidado
do Ibope já está sendo chamado
de "tapetão", uma alusão ao futebol que se ganha fora de campo.
Extraoficialmente, técnicos do
Ibope afirmam que a variação entre a audiência prévia e a consolidada ocorre porque o relatório
oficial (consolidado) incorpora
domicílios que, por algum problema técnico, não enviaram dados em tempo real para medição
preliminar. Há ainda casos de exclusão de domicílios considerados "viciados" (em que o televisor
permanece ligado durante muito
tempo em um único canal) ou de
medidores com defeito.
É normal uma variação de até
dois pontos entre a prévia e o consolidado, embora diretores do
Ibope já tenham dito, em palestras, que o ideal seria alterar só
um ponto. Mas variação como a
das 20h30 de quarta-feira, de cinco pontos a favor da Globo, pode
ter sido inédita. "Nunca ouvi falar
numa variação tamanha como essa. É realmente estranha", afirma
Antonio Rosa Neto, diretor da
Dainet, empresa que presta consultoria de mídia a anunciantes.
"O Ibope não terá outra alternativa a não ser dizer que houve um
erro. Se o Ibope não se preservar
numa gestão transparente, com
conselhos [formados por TVs,
anunciantes e publicitários] que
lhe dêem legitimidade, vai sofrer
críticas sempre", completa Rosa
Neto, que acompanha o mercado
há 30 anos.
Anteontem, "Prova de Amor"
voltou a vencer o "JN" na prévia,
por 24 a 23,7 pontos, às 20h23. No
consolidado, no entanto, as duas
redes empataram em 24,2 pontos.
Histórico
Se o resultado preliminar de
quarta-feira fosse considerado
oficialmente como vitória da Record, não seria a primeira vez que
uma emissora superaria no Ibope
o "Jornal Nacional", o intervalo
mais caro da televisão brasileira
(cada 30 segundos em rede nacional custam R$ 292 mil).
Em 14 de janeiro de 2000, a
Band venceu o telejornal ao exibir
o jogo Corinthians x Vasco, pelo
primeiro Mundial de Clubes da
Fifa. No confronto com o "JN", a
Band marcou 31,5 pontos, contra
25,8.
(DANIEL CASTRO)
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