LUCIANA OBNISKI
COLABORAÇÃO PARA FOLHA

O canal pago GNT aproveita a São Paulo Fashion Week, que exibe com exclusividade diariamente, e reapresenta hoje o documentário "Stella McCartney", que apesar de um pouco antigo, faz um panorama completo e correto, ainda que impessoal, da carreira da estilista.
O clima frio que dá o tom na maior parte do tempo é quebrado por cenas do ateliê e do depósito de Stella gravados e narrados por ela mesma. Outras gracinhas, como a legenda do ex-beatle Paul McCartney, que aparece no documentário como "Pai da Stella", também ajudam a quebrar o gelo.
Mas o documentário tenta esconder que, apesar de talentosa, Stella tenha sido favorecida pelo seu sobrenome ao ter cobertura completa da mídia já em seu desfile de graduação, com grandes tops na passarela, como Kate Moss (sua amiga) e Naomi Campbell (essa, só arroz-de-festa mesmo).
Por medo de confundir o talento inegável da estilista com o fato de ela ser filha de um ex-beatle, foi deixada de lado sua relação familiar. E, apesar da comovente declaração de amor que ela faz à mãe, Linda McCartney, dizendo ser sua "maior fonte de inspiração", foi pouco explorada sua mais presente homenagem à ela: ter se tornado uma ativista contra tortura de animais e uso de pele, fato marcante na vida de Linda e que guia as coleções da estilista até hoje.
O documentário conta ainda com depoimentos de suas melhores amigas, Gwyneth Paltrow e Madonna, e explica a trajetória de Stella, que substituiu Karl Lagerfeld na Chloé logo no início de sua carreira, antes de lançar sua própria marca no grupo Gucci.
Junto disso, os comentários de editores de moda, como Anna Wintour, trazem ainda mais informação sobre a estilista para o público que gosta do assunto e que engrossa consideravelmente a audiência do canal nesta época do ano.