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ERUDITO NA MODA
Uma manhã de fetiche e "sadô soft"
NINA HORTA
COLUNISTA DA FOLHA
"Emanuelle...., ahn, ai, ui, Emanuelle..."
Reinaldo Lourenço apresentou
a manhã do fetiche na Faap, dentro da Fashion Week. Era moda,
nada de perversidade. Sapatos de
salto alto, exóticos (feios, detesto
aqueles sapatos plataforma dentados), corpetes, espartilhos, roupas íntimas (sem chicotes ou correntes ou tatuagens), menino-menina às vezes, na calça masculina, no macacão delicioso, de
cortes impecáveis. O preto na
roupa, o vermelho no sapato, e os
tons da serpente mansa.
Fetiches pesados e lindos eram
as estampas de cobras e os fetiches mais leves, fofos, sobrepostos, fingindo peles, volumosos,
embabadados, peludos, cashmeres, quentinhos, mas não muito. E
também grandes golas que agasalhavam o pescoço como bichos
que não eram e enfatizavam as
saias secas.
Amarrações, vestidos abertos.
Jaquetinhas de couro, cintas-ligas, leves lembranças de Vivienne
Westwood, Madonna e até Chanel, cetim, veludo. Perverso? Não,
alegre, chique.
Uma capa Burberry ou um
trench coat de cobra, pode ter coisa mais tropical, quem tem medo
da cobra grande no Brasil? E que
mulher não quer sair vestida de
cobra, macia, é só uma segunda
pele, a verdade seja dita. Pele de
cobra é o que pede o clima.
Doces meninas puras, perdidas
nos vácuos dos olhos, fantasiadas
de bad girls. Espartilhos que não
apertavam, feitos sobre medida,
cintas ligas soltas, apêndices, corseletes para aumentar a clivagem
do seio, não mais do que isto, nada de "tight lacing".
A maioria das peças bem bonitas. Reinaldo Lourenço se fez de
domador, pegou o fetiche erótico
e o transformou em roupa a ser
usada pela mais comportada das
mulheres. Sadô, mas soft.
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