São Paulo, sábado, 21 de janeiro de 2006

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ERUDITO NA MODA

Uma manhã de fetiche e "sadô soft"

NINA HORTA
COLUNISTA DA FOLHA

"Emanuelle...., ahn, ai, ui, Emanuelle..."
Reinaldo Lourenço apresentou a manhã do fetiche na Faap, dentro da Fashion Week. Era moda, nada de perversidade. Sapatos de salto alto, exóticos (feios, detesto aqueles sapatos plataforma dentados), corpetes, espartilhos, roupas íntimas (sem chicotes ou correntes ou tatuagens), menino-menina às vezes, na calça masculina, no macacão delicioso, de cortes impecáveis. O preto na roupa, o vermelho no sapato, e os tons da serpente mansa.
Fetiches pesados e lindos eram as estampas de cobras e os fetiches mais leves, fofos, sobrepostos, fingindo peles, volumosos, embabadados, peludos, cashmeres, quentinhos, mas não muito. E também grandes golas que agasalhavam o pescoço como bichos que não eram e enfatizavam as saias secas.
Amarrações, vestidos abertos. Jaquetinhas de couro, cintas-ligas, leves lembranças de Vivienne Westwood, Madonna e até Chanel, cetim, veludo. Perverso? Não, alegre, chique.
Uma capa Burberry ou um trench coat de cobra, pode ter coisa mais tropical, quem tem medo da cobra grande no Brasil? E que mulher não quer sair vestida de cobra, macia, é só uma segunda pele, a verdade seja dita. Pele de cobra é o que pede o clima.
Doces meninas puras, perdidas nos vácuos dos olhos, fantasiadas de bad girls. Espartilhos que não apertavam, feitos sobre medida, cintas ligas soltas, apêndices, corseletes para aumentar a clivagem do seio, não mais do que isto, nada de "tight lacing".
A maioria das peças bem bonitas. Reinaldo Lourenço se fez de domador, pegou o fetiche erótico e o transformou em roupa a ser usada pela mais comportada das mulheres. Sadô, mas soft.


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