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Modelos não dão as caras nas festas da SPFW
PAULO SAMPAIO
DA REVISTA DA FOLHA
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
"Na Bienal ninguém cata nada",
diz a estilista iniciante Kiki Hoffman, pessimista sobre as perspectivas de azaração na platéia da SP
Fashion Week. Na sexta de madrugada, ela se esbaldava no baile
de máscaras da Iódice, na Casa
Fasano.
Encontrou muitos rapazes com
sapatos de bico longo e quadrado,
cabelos despenteados no secador
e camisa para fora de um lado só
no cós da calça. É o que chamam
de playboy -alguns deles dizem
que pegam modelos na temporada fashion, mas podem estar exagerando. Naquela festa não se via
nenhuma.
Tereza Antunes, idade não revelada, e sua amiga Cristina Haynes,
idem, não são modelos, mas conseguiram. Elas já têm um esquema pega-rapaz montado para o
evento. "O lance é conhecer alguém nos lounges da Bienal e fazer o primeiro contato. Depois,
nas festas, pode rolar alguma coisa", ensina Cristina. Meia-hora
depois, ela passa feliz contando
que já tinha "beijado dois".
A Folha fez um giro noturno
atrás das tops, achando que iria
encontrá-las se acabando em beijaços nos sofás das danceterias, e
nada. "Isso aí aconteceu nos anos
80. Hoje elas estão tão cansadas
no fim do dia que querem sair
correndo daqui pra casa", explica
o diretor executivo de desfiles Ruy
Furtado.
"Lavar o cabelo! Lavar o cabelo!", grita Ruy para as meninas.
Elas obedecem em silêncio. Como
boa parte delas são menores de
idade, elas se hospedam em apartamentos e são vigiadas por bookers (agenciadores) que impõem
regras rigorosas. Em algumas,
não se pode chegar depois das
20h. Como saber se elas cumprem
o horário? "A gente faz visitinhas
de surpresa", diz a booker da Mega, Graziela Moreira, 31.
Fábio Baumgartner, da Marilyn,
tranca suas agenciadas ainda
mais cedo: às 20h. "São Paulo é
uma cidade em que é fácil para
uma modelo virar vaso de boate.
Nós as levamos para passear em
karaokês e promovemos uma festa de fim de ano".
A modelo Bruna Hort, 14, conta
que "brincava na rua com a gurizada", em Brusque (SC), onde
nasceu. "Aqui eu ouço música,
entro na internet e converso pelo
Orkut", diz ela, enquanto mexe
nas imensas unhas postiças pink
que está usando para um desfile.
A top Carol Trentini, 18, tem a
mesma rotina em Nova York, onde mora há dois anos e meio. "À
noite eu durmo ou assisto algum
filme em casa", explica Carol, que
não tem namorado. Dizem que os
homens brasileiros preferem mulher popozuda do que magra demais. Tranqüila, Carol diz, sem alterar a voz fraquinha. "Tem gosto
pra tudo."
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