São Paulo, sábado, 21 de janeiro de 2006

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Modelos não dão as caras nas festas da SPFW

PAULO SAMPAIO
DA REVISTA DA FOLHA

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

"Na Bienal ninguém cata nada", diz a estilista iniciante Kiki Hoffman, pessimista sobre as perspectivas de azaração na platéia da SP Fashion Week. Na sexta de madrugada, ela se esbaldava no baile de máscaras da Iódice, na Casa Fasano.
Encontrou muitos rapazes com sapatos de bico longo e quadrado, cabelos despenteados no secador e camisa para fora de um lado só no cós da calça. É o que chamam de playboy -alguns deles dizem que pegam modelos na temporada fashion, mas podem estar exagerando. Naquela festa não se via nenhuma.
Tereza Antunes, idade não revelada, e sua amiga Cristina Haynes, idem, não são modelos, mas conseguiram. Elas já têm um esquema pega-rapaz montado para o evento. "O lance é conhecer alguém nos lounges da Bienal e fazer o primeiro contato. Depois, nas festas, pode rolar alguma coisa", ensina Cristina. Meia-hora depois, ela passa feliz contando que já tinha "beijado dois".
A Folha fez um giro noturno atrás das tops, achando que iria encontrá-las se acabando em beijaços nos sofás das danceterias, e nada. "Isso aí aconteceu nos anos 80. Hoje elas estão tão cansadas no fim do dia que querem sair correndo daqui pra casa", explica o diretor executivo de desfiles Ruy Furtado.
"Lavar o cabelo! Lavar o cabelo!", grita Ruy para as meninas. Elas obedecem em silêncio. Como boa parte delas são menores de idade, elas se hospedam em apartamentos e são vigiadas por bookers (agenciadores) que impõem regras rigorosas. Em algumas, não se pode chegar depois das 20h. Como saber se elas cumprem o horário? "A gente faz visitinhas de surpresa", diz a booker da Mega, Graziela Moreira, 31.
Fábio Baumgartner, da Marilyn, tranca suas agenciadas ainda mais cedo: às 20h. "São Paulo é uma cidade em que é fácil para uma modelo virar vaso de boate. Nós as levamos para passear em karaokês e promovemos uma festa de fim de ano".
A modelo Bruna Hort, 14, conta que "brincava na rua com a gurizada", em Brusque (SC), onde nasceu. "Aqui eu ouço música, entro na internet e converso pelo Orkut", diz ela, enquanto mexe nas imensas unhas postiças pink que está usando para um desfile.
A top Carol Trentini, 18, tem a mesma rotina em Nova York, onde mora há dois anos e meio. "À noite eu durmo ou assisto algum filme em casa", explica Carol, que não tem namorado. Dizem que os homens brasileiros preferem mulher popozuda do que magra demais. Tranqüila, Carol diz, sem alterar a voz fraquinha. "Tem gosto pra tudo."


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