São Paulo, sábado, 21 de março de 1998

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ERUDITO
Músicos são "adotados'

IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha

Empresários de São Paulo vão "adotar" músicos estrangeiros para melhorar o nível da Orquestra Sinfônica Municipal. A vinda de cinco instrumentistas para o naipe de cordas será custeada pela iniciativa privada.
Da Orquestra de Câmera de Viena, está sendo importado um austríaco para a função de "spalla" (líder dos violinos); da Hungria, vêm mais dois violinos, uma viola e um violoncelo.
De acordo com o diretor artístico do Teatro Municipal, o maestro Isaac Karabtchevsky, a idéia da "adoção" surgiu em uma reunião do Conselho das Artes no Municipal, no gabinete do secretário de Cultura, Rodolfo Konder.
"O José Ermírio de Moraes disse: "eu adoto o spalla!'. E o Edemar Cid Ferreira também se dispôs a adotar o outro violinista, que vai ser o "spalla' dos segundos violinos", conta. "Mario Amato ficou de conseguir facilidades quanto às passagens aéreas."
De acordo com o regente, os outros três músicos também serão "adotados" por empresários. "O José Ermírio ficou de me passar os nomes dos "pais adotivos' dos demais", afirma.
Pelos cálculos de Karabtchevsky, a vinda de cada instrumentista ao Brasil, permanecendo por um período renovável de seis meses (tempo de duração do contrato), fica em R$ 258 mil, incluindo gastos com transportes e hospedagem.
Leste Europeu
Eles devem chegar a São Paulo na próxima semana. A idéia é integrá-los à orquestra a partir de abril.
"Também queremos que cada um deles atue como professor, ajudando a formar, no Brasil, uma tradição de instrumentistas de cordas -área em que nosso país é historicamente carente", afirma Karabtchevsky.
Há tempos o maestro está tentando trazer músicos do Leste Europeu para incrementar as cordas da Orquestra Sinfônica Municipal.
A idéia original do regente era contratar os membros do Quarteto Eder, grupo húngaro que gravava pela Naxos -mas a formação acabou se dissolvendo.
Após o fracasso dessa primeira tentativa, Karabtchevsky fez audições em Veneza -onde é diretor musical do Teatro La Fenice- e em Budapeste, até encontrar os musicistas adequados.



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