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Guerra do Golfo derrotou jornalismo
da Reportagem Local
Escrito como
um libelo contra
o controle quase
orwelliano das
informações
exercido pelo
Pentágono durante as últimas guerras americanas, "Second Front: Censorship
and Propaganda in the Gulf War"
("Segunda Frente: Censura e Propaganda na Guerra do Golfo") baseia-se em documentação e entrevistas com personagens da cobertura jornalística do conflito, para
mostrar como a opinião pública
americana foi manipulada de forma a apoiar as ações do governo.
O autor, John R. MacArthur, é
publisher da "Harper's Magazine". Segundo ele, as invasões americanas em Granada (outubro de
1983) e no Panamá (dezembro de
1989) serviram como ensaios para
exorcizar a síndrome do Vietnã.
Os planejadores partiram da
avaliação implícita de que os EUA
poderiam ter vencido no Vietnã
não fosse a atuação da imprensa
para quebrar o moral da população americana. MacArthur contesta essa versão. Argumenta que
no Vietnã a imprensa seguiu a liderança dos políticos em apoio à
atuação americana.
Na guerra do Golfo, diferentemente do que ocorrera no Sudeste
Asiático, articularam-se o blecaute de informações com a censura
às reportagens dos correspondentes. Oficializaram-se os "pools" de
jornalistas, que só podiam ir a
campo quando e onde os militares
americanos autorizassem. Qualquer saída tinha a vigilância de um
acompanhante militar, no que o
autor definiu como sendo -com
um certo cinismo- a "Operação
Focinheira do Deserto".
Para MacArthur, o mais constrangedor foi a atitude passiva dos
publishers, editores-chefes e dos
âncoras da TV diante das restrições. A maioria não viu nada de
errado nos pools e aprovou o trabalho feito. Dan Rather, âncora da
CBS, um dos dezenas de entrevistados para o livro, avalia que todo
o episódio constituiu uma séria
derrota para o jornalismo.
O manejo das informações permitiu que se difundissem informações que se mostraram falsas.
MacArthur cita casos como o dos
bebês retirados das incubadeiras
pelos invasores iraquianos do
Kuait (episódio central para a
aprovação do ataque pelo Congresso americano), ou a difusão de
que o Iraque concentrara uma força de 500 mil homens na fronteira
com a Arábia Saudita (força que
jamais foi encontrada pelo avanço
de 100 mil carros blindados dos
EUA e sua coalizão).
O mito das "bombas inteligentes" dos EUA (as que só atingiam
alvos militares, poupando civis),
docilmente divulgado a partir dos
"briefings" do Pentágono, caiu
após a guerra, quando a força aérea americana anunciou que bombas e mísseis guiados por radar
eram apenas 7% de todos os explosivos lançados no Iraque e no
Kuait. Os outros 93% eram bombas convencionais, jogadas principalmente dos B-52s da era do Vietnã. Dez por cento das "bombas inteligentes" erraram o alvo militar,
contra 75% de erros das bombas
comuns.
(MVS)
Livro: Second Front: Censorship and
Propaganda in the Gulf War
Autor: John R. MacArthur
Lançamento: University of California
Press
274 págs
Preço: US$ 14.00 (capa dura, 260 págs.)
Onde encontrar: Amazon Books
(http://www.amazon.com)
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