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PARLAPATÕES
Shakespeare cai nas graças dos Parlapatões
da enviada especial
Quem for assistir hoje, às 21h30,
no teatro Fernanda Montenegro, a
"ppp@WllmShkspr.br" terá uma
surpresa logo de cara: uma lista
com o nome das 37 peças de William Shakespeare (1564-1616) será
distribuída à platéia.
Trata-se da mais nova brincadeira do grupo Parlapatões, Patifes &
Paspalhões, que promete, em cerca de 1h40, mostrar a obra completa do famoso bardo.
Baseada no texto "The Complete
Works of William Shakespeare
Abridged", dos norte-americanos
Jess Borgeson, Adam Long e Daniel Singer, a montagem propõe
uma espécie de "tour de force" a
seus atores (Hugo Possolo, Alexandre Roit e Raul Barreto).
Em pequenos quadros, com alguns dos diálogos originais, o Parlapatões viajará pelo misticismo
de "Macbeth", o amor de "Romeu
e Julieta", a loucura de "Hamlet".
Tudo isso somado a muito humor, marca registrada do grupo
que começou em shows de rua.
O projeto de montar toda a obra
de Shakespeare partiu do diretor
Emílio Di Biasi (de "Budro"), que
encomendou a tradução a Bárbara
Heliodora, crítica de teatro e grande conhecedora do dramaturgo
inglês.
"Eu pensei que ela fosse achar
uma heresia. Que nada, ela adorou, disse que era uma brincadeira
supersaudável", contou o diretor.
Biasi, que nunca havia montado
um texto de Shakespeare antes,
chamou então os Parlapatões.
"Eu precisava de uns caras muito
loucos, que já tivessem uma linguagem própria e que somassem
seu humor dos anos 90 ao meu,
dos anos 60. E, como o que tem
sido feito de Shakespeare no Brasil
é uma bobagem, resolvemos escrachar de vez."
Em ensaio assistido pela Folha, o
grupo misturou trechos de "Hamlet" com piadas sobre a adocicada
Eduarda, da novela "Por Amor",
além de mostrar o atormentado
protagonista cheirando cocaína,
enquanto declamava seu texto.
"Com essas referências, procuramos trazer o espetáculo para a
realidade brasileira. Mas é preciso
dizer que nenhuma piada é gratuita, mas sim fruto de profundo estudo", ressalta Biasi.
O fato de 98 ser o centenário de
nascimento do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956)
contribui muito para a realização
de "ppp...", brincam os atores.
"Já que todo mundo iria querer
fazer Brecht, resolvemos escolher
Shakespeare. E, como se isso não
bastasse, vamos montar ele todinho", gargalha Possolo.
Há controvérsias quanto ao número exato de peças produzidas
por Shakespeare. Eximindo-se
dessas discussões, a companhia
apresentará 37 obras, que, se não
tiverem pelo menos um trecho interpretado, serão citadas de alguma maneira.
A platéia, como em todas as
montagens anteriores do grupo,
participará ativamente das esquetes -há inclusive um momento
em que uma pessoa é chamada para ser a Ofélia, de "Hamlet".
"Desculpem-nos nossa incapacidade, mas não conseguimos fazer
espetáculo que não mantenha
contato direto com espectador",
finaliza o ator.
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