São Paulo, terça, 21 de abril de 1998

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REPERCUSSÃO

Antonio Candido, ensaísta - "Embora eu discordasse do posicionamento político de Octavio Paz, tinha por ele grande estima pessoal e o considero o maior intelectual da América Latina. Não devemos esquecer sua atitude firme de liberal coerente quando renunciou à embaixada mexicana na Índia como protesto pelo massacre de Tlatelolco. Foi um dos maiores poetas de seu tempo e um ensaísta incomparável, pela originalidade das idéias, riqueza da informação e alta qualidade de estilo".

Antonio Skármeta, escritor chileno, autor de "O Carteiro e o Poeta" - "O mais admirável nele talvez tenha sido a tensão entre o dizer e o calar em sua obra poética. Era um poeta que queria dizer o instantâneo, o indizível, esse silêncio que existe entre as palavras. E, ainda que duvidasse do valor da poesia, a escrevia para ouvir esses silêncios. Isso faz de sua poesia uma arte dramática. Como intelectual latino-americano, enfrentou com muita autoridade a tradição da cultural universal, fazendo uma leitura distinta de seu país natal, o México. Questionou a identidade latino-americana. Merece a fama que tem".

Mario Vargas Llosa, escritor peruano - "A morte de Octavio Paz priva a cultura de nosso tempo de um poeta e pensador excepcional. Embora profundamente enraizada no México, sua terra natal, sua obra transcende as fronteiras nacionais e se projeta por todo o âmbito da cultura ocidental, que enriqueceu com imagens, idéias, argumentos e invenções que deixaram uma marca indelével na criação poética e na crítica literária e artística, assim como na análise histórica e no debate político".

Ferreira Gullar, poeta e ensaísta - "Era um excelente ensaísta. Pensou a cultura contemporânea com muita acuidade. Nem sempre concordei com ele, mas isso não me impede de reconhecer seu valor como pensador contemporâneo".

Marly de Oliveira, poeta, autora de "O Mar de Permeio" - "Foi um excelente crítico e poeta, tendo influenciado muito a crítica brasileira. Era um intelectual dos mais completos".

José Paulo Paes, tradutor, ensaísta e poeta - "Conheci mais o Paz ensaísta, que é muito importante. Tinha muita perspicácia para iluminar o texto poético, uma cultura muito vasta, com grande conhecimento da cultura ocidental e intimidade também com a cultura oriental".

Haroldo de Campos, tradutor, poeta e ensaísta - "Era o maior poeta vivo de língua espanhola e um dos maiores em escala universal. Era um poeta crítico, pois se dedicava em alto nível ao ensaio e à reflexão técnica. Estava preocupado com o problema da tradução poética".

José Mindlin, empresário - "Ele é um dos grandes ensaístas e poetas do nosso tempo, muito ligado ao Brasil, por meio dos irmãos Campos e de Celso Lafer. Também era um nome muito empenhado em relação à política mexicana. Perde-se um grande intelectual e amigo do Brasil".

Horácio Costa, tradutor de Octavio Paz no Brasil - "Foi um intelectual central na cultura mexicana. Nasce quando começa a revolução e morre quando o México começa a viver uma nova fase na história. Decidi traduzir "Pedra de Sol', com acompanhamento do poeta, porque me interessava trabalhar com um poema que exigisse cuidado com a métrica e com os valores fônicos".

Armando Freitas Filho, poeta - "Foi, ao lado de Borges, o mais notável poeta e crítico latino-americano. O que mais me impressiona nele é a capacidade que tinha de escrever sobre assuntos que aparentemente não estavam dentro do seu círculo de interesse. Sua presença política também foi marcante, se bem que acho que nos últimos anos se tornou conservador. Os últimos gestos dele, um pouco antes do Prêmio Nobel e depois, se tornaram conservadores demais. Nós tivemos pouco contato com ele e ele com a literatura brasileira. Foi um contato parcimonioso e muito monitorado por Augusto e Haroldo de Campos. Isso fez com que seu conhecimento fosse limitadíssimo".

Leila Perrone Moisés, estudiosa e professora de literatura francesa na USP - "Tenho a maior admiração por ele, era um dos maiores e mais completos intelectuais da América Latina. O que mais admiro nele é ter pensado a cultura latino-americana em termos internacionais. Era um homem do mundo".

Jorge Schwartz, professor de literatura - "Ele é talvez o último grande poeta de língua espanhola. O que representa na poesia é o mesmo que Borges representa na ficção. É um dos grandes autores que teve vínculo importante e sólido com o Brasil, por intermédio de Haroldo de Campos, que o traduziu e manteve correspondência com ele, e de Celso Lafer, seu aluno e amigo."

Dario Fo, dramaturgo italiano, Prêmio Nobel de Literatura de 1997 - "Era um bom poeta, cheio de espírito e humor, um escritor importante de seu tempo até o último momento. Tenho dois ou três livros dele que gostaria de reler. Ele não divagou na metafísica nem nos sonhos, embora contasse emoções".

Camilo José Cela, escritor espanhol e Prêmio Nobel de Literatura em 1989 - "Paz foi um escritor extraordinário e um dos pontas-de-lança da literatura espanhola e sua morte deixa um vazio que será difícil de preencher. Foi um escritor completo, um grande poeta e um ensaísta de primeira linha".

Jorge Semprún, escritor e ex-ministro espanhol da Cultura - "Paz foi um dos grandes escritores do século, lúcido e comprometido, qualidades que não costumam ser frequentes em uma só pessoa".

Arturo Uslar Pietri, escritor venezuelano - "Era uma grande figura, com uma imensa cultura e conhecimento sobre o que significava a formação cultural da América Latina e seu porvir".



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