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Diretor destoa com cacoete hollywoodiano
DA ENVIADA A CANNES
Após oito dias de festival,
com imagens russas, chinesas e
coreanas a deslizar pela tela,
soa como nota desafinada um
filme como "Fair Game" (jogo
limpo), do norte-americano
Doug Liman, concorrente à
Palma de Ouro.
O diretor dos hits "A Identidade Bourne" (2002) e "Sr. e
Sra. Smith" (2005) deve ter sido selecionado para a competição de Cannes muito mais pelo
tema que escolheu do que pelo
filme que fez.
"Fair Game" afronta a administração de George Bush, foi
produzido fora de um grande
estúdio e traz, no elenco, Sean
Penn e Naomi Watts, atores ligados ao cinema independente.
Chegou a Cannes com a embalagem de filme de ação cult.
Apesar de oferecer algo superior a seus outros trabalhos, Liman não conseguiu se livrar
dos poucos criativos planos rápidos e dos macetes dos filmes
de espionagem.
E, em Cannes, numa seleção
que privilegiou o cinema de autor, os cacoetes do cinema
hollywoodiano acabam por
chamar mais a atenção.
Os passos apressados da
agente da CIA (Watts), que tem
de manter parte de sua vida em
segredo, e a postura nacionalista do marido diplomata (Penn)
ganharam, na sala do Palais, um
inevitável ar de déjà-vu.
Acompanhamos com interesse a intriga que envolve urânio enriquecido na África e tramoias na Casa Branca. Mas sabemos que tudo terminará com
uma ode à família americana.
Baseado na história real da
agente da CIA Valerie Plame,
"Fair Game" foi aplaudido ao
fim da sessão para imprensa.
Resta saber se as palmas eram
dirigidas ao filme ou a Plame.
(APS)
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