São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2010

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Diretor destoa com cacoete hollywoodiano

DA ENVIADA A CANNES

Após oito dias de festival, com imagens russas, chinesas e coreanas a deslizar pela tela, soa como nota desafinada um filme como "Fair Game" (jogo limpo), do norte-americano Doug Liman, concorrente à Palma de Ouro.
O diretor dos hits "A Identidade Bourne" (2002) e "Sr. e Sra. Smith" (2005) deve ter sido selecionado para a competição de Cannes muito mais pelo tema que escolheu do que pelo filme que fez.
"Fair Game" afronta a administração de George Bush, foi produzido fora de um grande estúdio e traz, no elenco, Sean Penn e Naomi Watts, atores ligados ao cinema independente. Chegou a Cannes com a embalagem de filme de ação cult.
Apesar de oferecer algo superior a seus outros trabalhos, Liman não conseguiu se livrar dos poucos criativos planos rápidos e dos macetes dos filmes de espionagem.
E, em Cannes, numa seleção que privilegiou o cinema de autor, os cacoetes do cinema hollywoodiano acabam por chamar mais a atenção.
Os passos apressados da agente da CIA (Watts), que tem de manter parte de sua vida em segredo, e a postura nacionalista do marido diplomata (Penn) ganharam, na sala do Palais, um inevitável ar de déjà-vu.
Acompanhamos com interesse a intriga que envolve urânio enriquecido na África e tramoias na Casa Branca. Mas sabemos que tudo terminará com uma ode à família americana.
Baseado na história real da agente da CIA Valerie Plame, "Fair Game" foi aplaudido ao fim da sessão para imprensa. Resta saber se as palmas eram dirigidas ao filme ou a Plame. (APS)


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