São Paulo, quinta, 21 de maio de 1998

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Projeto patrocinado pela Unesco inclui o Brasil

da Reportagem Local

A mais recente iniciativa do filósofo norte-americano Richard Shusterman liga a cultura popular a questões de urbanismo e integração social nas grandes cidades do mundo contemporâneo.
Com patrocínio da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), o projeto Music tem por objetivo, segundo Shusterman, estudar os "problemas e esperanças da cultura urbana contemporânea por meio das artes populares de massa, especialmente a música".
A sigla Music é, na verdade, um anagrama para Music, Urbanism, Social Integration and Culture (Música, Urbanismo, Integração Social e Cultura).
"As barreiras sociais que nos dividem continuam fortes e problemáticas. Em nenhum outro lugar isso é tão evidente quanto nas grandes cidades contemporâneas, onde diferentes raças, classes, etnias e nacionalidades dividem as mesmas ruas, mas não criam ligações mais profundas de entendimento social e respeito mútuo", escreve o filósofo.
Em princípio, o estudo deveria abranger algumas cidades da África, Europa e Ásia. Mas Shusterman afirmou, em sua visita ao país, que o Brasil irá integrar o projeto. Ele manifestou interesse sobretudo na experiência do tropicalismo.
O trabalho está dividido em quatro seções. A primeira, intitulada "Filosofia, História e as Cidades", volta-se para o passado na pesquisa das teorias sobre as cidades nas filosofias ocidentais e não-ocidentais, além de seu desenvolvimento histórico.
Numa segunda fase, "Música e Arte como Instrumentos para Melhorar Nossos Cidadãos e Comunicar Harmonia Social e Entendimento", a filosofia será aplicada na análise de como as manifestações de arte podem unir as pessoas, mas também sustentar e aumentar divisões sociais por meio de estratégias de exclusão.
A terceira seção, "Música Popular e as Artes da Mídia de Massa na Cultura Urbana Contemporânea" quer discutir o real valor estético da cultura de massa.
Nessa fase, ele pretende analisar várias formas de música popular, como o rap e o tecno, que nasceram das condições e desafios da vida nessas cidades.
No último momento, Shusterman pretende identificar, após a pesquisa e análise, "que tipo de música deve ser encorajada e que perigos devem ser evitados" numa busca pela integração social.
O resultado final deve ser registrado num CD-ROM educacional, acompanhado de livro que tratará das visões e problemas da vida nas cidades da antiguidade até a contemporaneidade. (PD)



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