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FESTIVAL
O veterano diretor de "Lucía" é atração do Cinesul, mostra de cinema e vídeo latino-americano em cartaz no Rio
Cuba estréia no cinema digital com Humberto Solás
AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Até Cuba está estreando no cinema digital. O veterano Humberto Solás ("Lucía", 1968) começa nas próximas semanas a rodar
com vídeo digital o "road movie"
"Miel para Ochún" (Mel para
Oxum), estrelado pelo obrigatório Jorge Perugorría ("Morango e
Chocolate") e a bela Isabel Santos.
"A sobrevivência do cinema latino passa pelo digital", garantia
Solás há um mês ao diário francês
"Le Figaro", numa enquete sobre
o futuro dos filmes. Solás está otimista, mas não eufórico: "O mais
difícil é arrumar investidores para
uma câmera de US$ 40 mil".
Mas o cinema cubano, aos poucos, vai saindo do buraco. Depois
da virtual paralisia da atividade
durante o chamado "período especial" (1991-97), após a dissolução da URSS, cinco novas produções estão em andamento, incluindo a de Solás. É o que revelou
em entrevista exclusiva à Folha
um dos principais críticos cubanos, Tony Mazón, 51.
Apresentador de um programa
de cinema na TV ("Toma 1") e
programador da Cinemateca de
Cuba, Mazón está no Brasil como
convidado da 7ª edição do Cinesul, mostra de cinema e vídeo latino-americano que vai até dia 29
no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro.
As comédias cubanas são o destaque do ano, e Mazón trouxe
quatro clássicos, incluindo filmes
de Tomás Gutiérrez Alea e seu
herdeiro Juan Carlos Tabío (a dupla de "Morango e Chocolate").
Leia abaixo os principais trechos da entrevista de Mazón.
Folha - Por que há apenas comédias pós-revolucionárias no ciclo?
Tony Mazón - Entre 1937 (estréia
do primeiro filme sonoro cubano) e 1959 (triunfo da Revolução),
foram feitos uns 90 filmes, apenas
um terço dos quais eram comédias. A produção de comédias
neste período foi escassa e instável, e a qualidade geral não foi
muito alta.
Na mostra do Cinesul se exibem
algumas das melhores comédias
cubanas de todos os tempos: "As
12 Cadeiras" (1962) e "A Morte de
um Burocrata" (1966) de Tomás
Gutiérrez Alea, "Plaff" (1988) de
Juan Carlos Tabío, e "Adoráveis
Mentiras" (1992), de Gerardo
Chijona.
Folha - Tabío acaba de lançar em
Cannes, com muito sucesso, "Linea
de Espera" (Fila de Espera), outra
fábula cômica bastante crítica à
utopia socialista. Como foi a reação
ao filme em Cuba?
Mazón - A imprensa cubana, de
maneira geral, elogiou o filme.
Acho que ele mostra a técnica e a
experiência adquiridas pelo diretor, mas não creio que figure entre
as melhores produções do Icaic
(Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos).
Folha - O filme anterior de Tabío,
"Guantanamera", rodado com
Alea, foi criticado por Fidel Castro.
O episódio deixou cicatrizes?
Mazón - Não, tanto que há uma
recuperação evidente na indústria
cinematográfica.
Folha - Quais produções estão em
andamento?
Mazón - Há outras, mas, de imediato vai começar a rodagem do
"road movie" "Miel para Ochún",
com Jorge Perugorría e Isabel
Santos. É o primeiro filme cubano
rodado em digital e marca a volta
à direção do grande Humberto
Solás. E um documentário de longa-metragem está sendo filmado
por Rebeca Chávez em ocasião do
centenário de nascimento da cantora cubana Rita Montaner.
Folha - No mês passado, em Cannes, Menahen Golan (ex-Cannon
Group) anunciou um filme sobre o
caso Elían González. Há projeto similar cubano em andamento?
Mazón - Não tenho nenhuma informação sobre qualquer produção em Cuba, de ficção ou documentário, sobre o caso.
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