São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000


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FESTIVAL
O veterano diretor de "Lucía" é atração do Cinesul, mostra de cinema e vídeo latino-americano em cartaz no Rio
Cuba estréia no cinema digital com Humberto Solás

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Até Cuba está estreando no cinema digital. O veterano Humberto Solás ("Lucía", 1968) começa nas próximas semanas a rodar com vídeo digital o "road movie" "Miel para Ochún" (Mel para Oxum), estrelado pelo obrigatório Jorge Perugorría ("Morango e Chocolate") e a bela Isabel Santos.
"A sobrevivência do cinema latino passa pelo digital", garantia Solás há um mês ao diário francês "Le Figaro", numa enquete sobre o futuro dos filmes. Solás está otimista, mas não eufórico: "O mais difícil é arrumar investidores para uma câmera de US$ 40 mil".
Mas o cinema cubano, aos poucos, vai saindo do buraco. Depois da virtual paralisia da atividade durante o chamado "período especial" (1991-97), após a dissolução da URSS, cinco novas produções estão em andamento, incluindo a de Solás. É o que revelou em entrevista exclusiva à Folha um dos principais críticos cubanos, Tony Mazón, 51.
Apresentador de um programa de cinema na TV ("Toma 1") e programador da Cinemateca de Cuba, Mazón está no Brasil como convidado da 7ª edição do Cinesul, mostra de cinema e vídeo latino-americano que vai até dia 29 no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro.
As comédias cubanas são o destaque do ano, e Mazón trouxe quatro clássicos, incluindo filmes de Tomás Gutiérrez Alea e seu herdeiro Juan Carlos Tabío (a dupla de "Morango e Chocolate").
Leia abaixo os principais trechos da entrevista de Mazón.

Folha - Por que há apenas comédias pós-revolucionárias no ciclo?
Tony Mazón -
Entre 1937 (estréia do primeiro filme sonoro cubano) e 1959 (triunfo da Revolução), foram feitos uns 90 filmes, apenas um terço dos quais eram comédias. A produção de comédias neste período foi escassa e instável, e a qualidade geral não foi muito alta.
Na mostra do Cinesul se exibem algumas das melhores comédias cubanas de todos os tempos: "As 12 Cadeiras" (1962) e "A Morte de um Burocrata" (1966) de Tomás Gutiérrez Alea, "Plaff" (1988) de Juan Carlos Tabío, e "Adoráveis Mentiras" (1992), de Gerardo Chijona.

Folha - Tabío acaba de lançar em Cannes, com muito sucesso, "Linea de Espera" (Fila de Espera), outra fábula cômica bastante crítica à utopia socialista. Como foi a reação ao filme em Cuba?
Mazón -
A imprensa cubana, de maneira geral, elogiou o filme. Acho que ele mostra a técnica e a experiência adquiridas pelo diretor, mas não creio que figure entre as melhores produções do Icaic (Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos).

Folha - O filme anterior de Tabío, "Guantanamera", rodado com Alea, foi criticado por Fidel Castro. O episódio deixou cicatrizes?
Mazón -
Não, tanto que há uma recuperação evidente na indústria cinematográfica.

Folha - Quais produções estão em andamento?
Mazón -
Há outras, mas, de imediato vai começar a rodagem do "road movie" "Miel para Ochún", com Jorge Perugorría e Isabel Santos. É o primeiro filme cubano rodado em digital e marca a volta à direção do grande Humberto Solás. E um documentário de longa-metragem está sendo filmado por Rebeca Chávez em ocasião do centenário de nascimento da cantora cubana Rita Montaner.

Folha - No mês passado, em Cannes, Menahen Golan (ex-Cannon Group) anunciou um filme sobre o caso Elían González. Há projeto similar cubano em andamento?
Mazón -
Não tenho nenhuma informação sobre qualquer produção em Cuba, de ficção ou documentário, sobre o caso.


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