São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000


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ERUDITO
Popstars do canto lírico apresentam-se no Brasil pela primeira vez em 22 de julho; ingressos vão de R$ 40 a R$ 2.000
R$ 3,6 mi soltam a voz de Três Tenores em SP

Associated Press
Os tenores Plácido Domingo (esq.), José Carreras e Luciano Pavarotti, que se apresentarão em julho no estádio do Morumbi, em SP


JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os Três Tenores apresentam-se juntos pela primeira vez no Brasil. Cantam a partir das 18h do próximo 22 de julho, no que será menos um evento lírico e se parecerá, até pelo local -o estádio do Morumbi-, com um megaespetáculo de música pop.
As árias e canções do programa serão definidas só amanhã, em Cleveland (EUA), onde o italiano Luciano Pavarotti e os espanhóis Plácido Domingo e José Carreras fazem esta semana, em conjunto, seu 21º e milionário show.
O evento, com custo de R$ 3,6 milhões, está sendo co-produzido pela CIE (Companhia Internacional de Entretenimento), grupo mexicano também especializado em rodeios e eventos esportivos.
Serão colocados à venda 62 mil ingressos, com os mais baratos a R$ 40, e os mais caros, a R$ 500. Eles começam a ser vendidos na próxima segunda-feira.
Há também ingressos a R$ 2.000 por cabeça, com direito a um jantar beneficente em que mil pessoas vão contar com a "companhia" dos cantores.
Carreras, Pavarotti e Domingo têm carreiras autônomas. A idéia de juntá-los partiu do empresário húngaro Tibor Rudas, proprietário da marca Três Tenores e que os reuniu pela primeira vez, em 1990, nas Termas de Caracalla, imediações de Roma.
Dois outros espetáculos com transmissão mundial de TV e comercialização de CDs e cassetes foram organizados em Los Angeles (1994) e Paris (1998), nas vésperas da disputa da final de uma Copa do Mundo de futebol.
Rudas, para os puristas, é o responsável pelo travestimento de uma forma musical com tradição de quatro séculos na vulgaridade às vezes presente na música pop.
Sua primeira "vítima" foi Pavarotti, a quem contratou, em 1981, para cantar em Atlantic City. O cantor, habituado ao teto de US$ 15 mil por récita, pago por casas como o Metropolitan Opera House, de Nova York, ou a Ópera Estatal, de Viena, recebeu US$ 100 mil por aquela apresentação.
Aos puristas o tamanho do cachê não incomoda. O incômodo vem do uso do microfone e de amplificadores, que impõem mudanças na técnica vocal que, nas cenas operísticas, é exposta sem intermediação eletrônica.
Há também a questão do repertório. Depois de misturar a árias conhecidas "cançonetas" napolitanas ("Sole Mio", por exemplo), os Três Tenores passaram a enveredar por trilhas sonoras ou comédias musicais.
"Moon River" ou "Singin'in the Rain" são peças belíssimas, mas têm pouco a ver com fraseados na escala mais aguda que um tenor precisa emitir, num palco, na potência constante de 100 decibéis.
Não está ainda definida a orquestra que participará do espetáculo. Ela estará sob a direção de Marco Armiliato, um jovem maestro genovês que é o diretor da Ópera de Bilbao, na Espanha.
Seu currículo tem bons e maus momentos. Entre os primeiros, uma "La Bohème", de Puccini, que regeu no ano passado em Nova York e uma gravação de "Olimpiade", de Pergolesi.
Entre os momentos controvertidos está "Pavarotti & His Friends", show beneficente e em seguida CD, cuja renda foi revertida às crianças da Bósnia.


Show: Os Três Tenores Quando: 22 de julho, às 18h Onde: estádio do Morumbi, São Paulo Ingressos: de R$ 40 a R$ 2.000, a partir do dia 26, pelo tel. 0/xx/11/3177-3663


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