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Malheiro rege Amazonas Filarmônica
IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O maestro paulista Luiz Fernando Malheiro é o novo regente titular e diretor artístico da Amazonas Filarmônica, orquestra sediada em Manaus. Malheiro sucede
Júlio Medaglia, que criou a filarmônica, em 97, e foi demitido em
dezembro do ano passado.
Desde então, a chefia da orquestra vinha sendo ocupada interinamente por Marcello Stasi, convidado por Medaglia para ser seu
assistente a partir de setembro do
ano passado e transferido agora
para o cargo de regente residente.
"Encaro com naturalidade a escolha do Malheiro", afirma Stasi.
"Quando o Júlio saiu, formulei a
programação de que a orquestra
precisava; agora, a direção resolveu escolher o diretor artístico, e
eu vou assumir como adjunto."
Vinculada ao governo do Estado, a orquestra é hoje administrada pela Associação Cultural Amazonas Filarmônica, uma entidade
de direito privado. Seus recursos,
contudo, são oriundos eminentemente do Estado. "Escolhemos o
Malheiro porque ele sido presença frequente em Manaus, devido
ao Festival Amazonas de Ópera",
afirma Mário Sussman, diretor-executivo da associação. Realizado anualmente no teatro Amazonas, o festival teve Malheiro como
seu diretor musical em suas últimas edições (1999 e 2000).
"Queremos colocar Manaus definitivamente no calendário de
música, não só brasileiro, mas internacional", diz Malheiro, cujo
contrato vai até o final de 2001.
"Queremos ter uma programação
de ópera que não se restrinja apenas ao festival."
Malheiro divide a Amazonas Filarmônica com a Orquestra de
Câmera São Paulo (grupo privado
da capital paulista do qual é diretor artístico) e com o cargo de diretor musical de ópera do Teatro
Municipal do Rio de Janeiro. Em
outubro deste ano, ele rege, no
Teatro Nacional de São Carlos,
em Lisboa, a ópera "Il Guarany",
de Carlos Gomes; e, no mês seguinte, dirige, no Municipal do
Rio, a ópera "Carmen", de Bizet.
Em Manaus, ele deve trabalhar
basicamente com a programação
montada por Stasi para este ano.
Estreando com o "Réquiem", de
Mozart, o regente deve fazer cinco
programas com a filarmônica até
dezembro, trabalhando nove semanas com a orquestra.
A Amazonas Filarmônica tem
um nível artístico surpreendente.
Provenientes, em sua quase totalidade, do Leste europeu, seus 62
integrantes recebem salário médio de R$ 2.800.
A meta de Malheiro é ampliar a
orquestra, preenchendo vagas em
naipes que estão carentes. "Neste
ano, serão poucas contratações,
mas gostaria de pelo menos completar os naipes de violas (que tem
quatro integrantes) e de contrabaixos (apenas dois)."
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