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MÚSICA
Falsificação de CDs subiu 48% em 2001; Brasil está entre os países em que mais de 50% do mercado está dominado
Pirataria explode em quatro continentes
DA REPORTAGEM LOCAL
O alarme está dado, e agora é em nível mundial. Em relatório
recém-publicado, a IFPI (Federação Internacional da Indústria
Fonográfica) admite que a pirataria já ocupa mais que 50% do
mercado musical em pelo menos
25 países de quatro continentes
-Brasil inclusive.
O relatório vem acompanhado
de um apelo para que os governos
nacionais se engajem na luta contra a pirataria, argumentando que
a falsificação de CDs prejudica as
culturas nacionais, mobiliza o crime organizado e rouba desenvolvimento e empregos.
Em 2001, a pirataria de CDs aumentou 48%, segundo a IFPI. Em
2000, 65% dos produtos musicais
pirateados eram fitas cassete, contra 35% de CDs. Em 2001, o número de CDs pirateados pulou
para 51% do total. "Se não houver
repressão, seguramente a indústria pode perder o CD, como perdeu no passado as fitas cassete",
diz o presidente da Universal brasileira, Marcelo Castello Branco.
O crescimento da pirataria de
CD-Rs (CDs graváveis), de 9% em
2000 para 24% em 2001, é uma das
explicações para a explosão da pirataria. Hoje, segundo a IFPI,
continua a pirataria industrial sobre CDs oficiais, mas as máquinas
caseiras baratas de produção de
CD-Rs se multiplicam principalmente nas Américas Latina e do
Norte e na Europa Oriental.
O Brasil aparece em destaque
no bloco dos países líderes em pirataria. O índice obscuro de "pirataria acima de 50% do mercado"
não esclarece exatamente o grau
em que ela se encontra, justificando especulações que já surgiram
dentro da própria indústria e falam em números de até 70%.
Com o Brasil nos "acima de
50%", estão a América Central inteira, quase toda a América Latina, muitos países da Europa
Oriental, parte da Ásia (China, Indonésia, Malásia e Paquistão) e
poucos africanos (Egito, Quênia e
Nigéria).
A América do Sul se fecha no rol
dos países com pirataria entre
25% e 50%, com Argentina, Chile
e Uruguai. Parte da Europa Ocidental, Estados Unidos, Canadá,
Japão, Austrália e Nova Zelândia
são os únicos a deter a pirataria
abaixo de taxas de 10%, graças
quase sempre a medidas de repressão policial e legal.
No Brasil, a grita das gravadoras
contra a pirataria se concentra,
justamente, no baixo impacto da
repressão estatal contra o problema. "É difícil para nós falar sobre
pirataria porque nosso negócio é
fazer música. A gente não sabe lidar com isso", afirma o presidente da Associação Brasileira dos
Produtores de Discos (ABPD),
Luiz Oscar Niemeyer.
O advogado carioca Nehemias
Gueiros Jr., empenhado na luta
pela numeração dos CDs como
modo paliativo de iniciar uma
moralização da indústria, discorda da afirmação:
"É claro que o papel principal
cabe ao governo, mas investimentos tecnológicos têm de ser feitos
pela própria indústria. Nos EUA
já se usam CDs antipirataria, que
travam o computador de quem
usa. A ABPD poderia, com o dinheiro que arrecada de seus associados e de artistas, investir em tecnologia e se unir ao governo
numa força-tarefa antipirataria".
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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