São Paulo, Segunda-feira, 21 de Junho de 1999
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RELÂMPAGOS
Gigante

JOÃO GILBERTO NOLL

Era imenso, avesso aos movimentos. A perspectiva de suspender a mão na luz com a intenção de avaliar a miríade de sinais a se adensar, até um fiapo assim lhe pesava. Aliás, para ele essa carga vinha de uma espécie de fonte invisível, que o queria desqualificado para o convívio sensato das formas. Uma idéia descamada como sua pele. Sozinho, ele a chamava no seu vozeirão de teologia da aberração. O toque num motor anterior, desregulado em sua demasia. E encarnado na sua pobre imagem gigantesca. Corpanzil sem ânimo de sair e se adaptar às mesquinhas dimensões do dia, ali, com as mãos debaixo do minguado fio d'água da torneira matutina.


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