|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RELÂMPAGOS
Gigante
JOÃO GILBERTO NOLL
Era imenso, avesso aos movimentos. A perspectiva de
suspender a mão na luz com
a intenção de avaliar a miríade de sinais a se adensar, até
um fiapo assim lhe pesava.
Aliás, para ele essa carga vinha de uma espécie de fonte
invisível, que o queria desqualificado para o convívio
sensato das formas. Uma
idéia descamada como sua
pele. Sozinho, ele a chamava
no seu vozeirão de teologia
da aberração. O toque num
motor anterior, desregulado
em sua demasia. E encarnado na sua pobre imagem gigantesca. Corpanzil sem ânimo de sair e se adaptar às
mesquinhas dimensões do
dia, ali, com as mãos debaixo
do minguado fio d'água da
torneira matutina.
Texto Anterior: Tecnologia divulga os independentes Próximo Texto: Fotografia: Livro revela América de Sebastião Salgado Índice
|