São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HISTÓRIA

Cinqüenta anos após sua morte, ex-presidente é relembrado com eventos no CCSP, na Cinemateca e no Sesc Ipiranga

Exposições e livros celebram Getúlio Vargas

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Exibições de filmes, lançamentos de livro e uma exposição lembram nesta semana, em São Paulo, o 50º aniversário da morte do ex-presidente Getúlio Vargas (1882-1954).
A palavra "celebração" talvez seja excessiva se levarmos em conta, por exemplo, o título da mostra de filmes que começa hoje no Centro Cultural São Paulo: "Getúlio Vargas: 50 Anos de Luto?", com um ponto de interrogação bem visível e intencional.
A mostra traz algumas produções importantes da Era Vargas, como "Descobrimento do Brasil", de Humberto Mauro, com trilha sonora de Villa-Lobos; "It's All True", o não-concluído filme que Orson Welles veio fazer por aqui nos anos 40 (e a respeito do qual Rogério Sganzerla fez seu "Tudo É Brasil", que também será exibido no CCSP); "Copacabana" com Carmen Miranda e Groucho Marx; e "Você Já Foi à Bahia?", pérola da política de boa vizinhança, mostrando andanças do Pato Donald por nossas plagas.
O ecletismo é grande o suficiente para abranger o denso "O Caso dos Irmãos Naves", de Luiz Sérgio Person (que reconstitui um episódio verídico ocorrido durante o Estado Novo) e a sátira "Nem Sansão, nem Dalila", de Carlos Manga, com Oscarito e Wilson Grey no elenco.
Clássicos como "Memórias do Cárcere", de Nelson Pereira dos Santos, baseado na autobiografia de Graciliano Ramos, e "O País dos Tenentes", de João Batista de Andrade, convivem com o primeiro e o último capítulo da minissérie televisiva "Agosto", adaptada do livro homônimo de Rubem Fonseca. Sylvio Back faz-se representar com "Revolução de 30" e "Aleluia Gretchen"; a parte de documentários traz o sólido "O Velho: A História de Luís Carlos Prestes", de Toni Venturi, ao lado do raro "Getúlio, Glória e Drama de um Povo", de Alfredo Palácios, em 1956, e que traz imagens pouco difundidas do ex-presidente, incluindo uma reunião em 1921 quando, no Rio Grande do Sul, ele era secretário de Agricultura de Borges de Medeiros.
Na segunda-feira, a Cinemateca Brasileira exibe uma parte muito menos difundida e louvada da cinematografia varguista. O evento "O Brasil que Getúlio Sonhou" traz uma seleção de cinejornais produzidos pelo DIP, o Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo. A mostra terá ainda a palestra "O DIP e a Organização do Trabalho no Getulismo".
A partir de terça-feira, os eventos acontecem no Sesc Ipiranga, que abriga a exposição "Imagens da Era Vargas". Com curadoria de Cristina Mascaro, a mostra reúne reproduções de fotos de imprensa (especialmente da revista "O Cruzeiro"), provenientes do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas, da Biblioteca Nacional e do Arquivo do Estado.
Ela está dividida em sete seções: "1930: A Aliança Liberal e a Revolução de 30"; "1932: A Revolução Constitucionalista"; "1935: O Levante Comunista"; "1937: A Decretação do Estado Novo"; "1945: A Deposição de Getúlio Vargas"; "1950: A Eleição Democrática de Getúlio Vargas"; "1954: O Suicídio de Getúlio Vargas". A exibição é ainda complementada por um ensaio fotográfico de Mascaro, enfocando São Borja, a cidade natal de Vargas.
Concomitantemente à exposição, ainda na terça, o Sesc Ipiranga abriga o lançamento de "Imagens de Vargas: Artigos, Fábulas e Memórias", coletânea lançada pelo próprio Sesc e organizada por Welington Andrade, que não estará à venda; será distribuída gratuitamente para bibliotecas, museus e entidades culturais. Trata-se de textos inéditos de 19 autores, incluindo a cantora Ângela Maria e a vedete Virgínia Lane, além de escritores como Moacyr Scliar, Milton Hatoun, Gianfrancesco Guarnieri, Ferreira Gullar, Adélia Prado e Carlos Heitor Cony.
Cony, por sinal, estará presente no Sesc Ipiranga no dia seguinte, para o relançamento, pela editora Planeta, de "Quem Matou Vargas", três décadas depois de sua primeira publicação -a obra saiu inicialmente na revista "Manchete", em 1967, em capítulos semanais, e depois levou cinco anos para aparecer em livro.
Às 19h30, o teatro do Sesc Ipiranga abriga bate-papo com o autor, com entrada franca (os ingressos devem ser retirados na bilheteria, com uma hora de antecedência). Posteriormente, às 20h30, na área de convivência, acontece a noite de autógrafos.


Texto Anterior: Rodapé: Totem e tabu
Próximo Texto: "O Cravo de Mozart É Eterno": Lins do Rego expõe consciência de limitações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.