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HISTÓRIA
Cinqüenta anos após sua morte, ex-presidente é relembrado com eventos no CCSP, na Cinemateca e no Sesc Ipiranga
Exposições e livros celebram Getúlio Vargas
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Exibições de filmes, lançamentos de livro e uma exposição lembram nesta semana, em São Paulo, o 50º aniversário da morte do
ex-presidente Getúlio Vargas
(1882-1954).
A palavra "celebração" talvez
seja excessiva se levarmos em
conta, por exemplo, o título da
mostra de filmes que começa hoje
no Centro Cultural São Paulo:
"Getúlio Vargas: 50 Anos de Luto?", com um ponto de interrogação bem visível e intencional.
A mostra traz algumas produções importantes da Era Vargas,
como "Descobrimento do Brasil",
de Humberto Mauro, com trilha
sonora de Villa-Lobos; "It's All
True", o não-concluído filme que
Orson Welles veio fazer por aqui
nos anos 40 (e a respeito do qual
Rogério Sganzerla fez seu "Tudo
É Brasil", que também será exibido no CCSP); "Copacabana" com
Carmen Miranda e Groucho
Marx; e "Você Já Foi à Bahia?",
pérola da política de boa vizinhança, mostrando andanças do
Pato Donald por nossas plagas.
O ecletismo é grande o suficiente para abranger o denso "O Caso
dos Irmãos Naves", de Luiz Sérgio
Person (que reconstitui um episódio verídico ocorrido durante o
Estado Novo) e a sátira "Nem
Sansão, nem Dalila", de Carlos
Manga, com Oscarito e Wilson
Grey no elenco.
Clássicos como "Memórias do
Cárcere", de Nelson Pereira dos
Santos, baseado na autobiografia
de Graciliano Ramos, e "O País
dos Tenentes", de João Batista de
Andrade, convivem com o primeiro e o último capítulo da minissérie televisiva "Agosto", adaptada do livro homônimo de Rubem Fonseca. Sylvio Back faz-se
representar com "Revolução de
30" e "Aleluia Gretchen"; a parte
de documentários traz o sólido
"O Velho: A História de Luís Carlos Prestes", de Toni Venturi, ao
lado do raro "Getúlio, Glória e
Drama de um Povo", de Alfredo
Palácios, em 1956, e que traz imagens pouco difundidas do ex-presidente, incluindo uma reunião
em 1921 quando, no Rio Grande
do Sul, ele era secretário de Agricultura de Borges de Medeiros.
Na segunda-feira, a Cinemateca
Brasileira exibe uma parte muito
menos difundida e louvada da cinematografia varguista. O evento
"O Brasil que Getúlio Sonhou"
traz uma seleção de cinejornais
produzidos pelo DIP, o Departamento de Imprensa e Propaganda
do Estado Novo. A mostra terá
ainda a palestra "O DIP e a Organização do Trabalho no Getulismo".
A partir de terça-feira, os eventos acontecem no Sesc Ipiranga,
que abriga a exposição "Imagens
da Era Vargas". Com curadoria
de Cristina Mascaro, a mostra
reúne reproduções de fotos de
imprensa (especialmente da revista "O Cruzeiro"), provenientes
do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas, da Biblioteca Nacional e do Arquivo do Estado.
Ela está dividida em sete seções:
"1930: A Aliança Liberal e a Revolução de 30"; "1932: A Revolução
Constitucionalista"; "1935: O Levante Comunista"; "1937: A Decretação do Estado Novo"; "1945:
A Deposição de Getúlio Vargas";
"1950: A Eleição Democrática de
Getúlio Vargas"; "1954: O Suicídio de Getúlio Vargas". A exibição é ainda complementada por
um ensaio fotográfico de Mascaro, enfocando São Borja, a cidade
natal de Vargas.
Concomitantemente à exposição, ainda na terça, o Sesc Ipiranga abriga o lançamento de "Imagens de Vargas: Artigos, Fábulas e
Memórias", coletânea lançada pelo próprio Sesc e organizada por
Welington Andrade, que não estará à venda; será distribuída gratuitamente para bibliotecas, museus e entidades culturais. Trata-se de textos inéditos de 19 autores,
incluindo a cantora Ângela Maria
e a vedete Virgínia Lane, além de
escritores como Moacyr Scliar,
Milton Hatoun, Gianfrancesco
Guarnieri, Ferreira Gullar, Adélia
Prado e Carlos Heitor Cony.
Cony, por sinal, estará presente
no Sesc Ipiranga no dia seguinte,
para o relançamento, pela editora
Planeta, de "Quem Matou Vargas", três décadas depois de sua
primeira publicação -a obra
saiu inicialmente na revista
"Manchete", em 1967, em capítulos semanais, e depois levou cinco
anos para aparecer em livro.
Às 19h30, o teatro do Sesc Ipiranga abriga bate-papo com o autor, com entrada franca (os ingressos devem ser retirados na bilheteria, com uma hora de antecedência). Posteriormente, às
20h30, na área de convivência,
acontece a noite de autógrafos.
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