DINITIA SMITH
DO "NEW YORK TIMES"

John Cameron Mitchell, criador e astro de "Hedwig - Rock, Amor e Traição", sucesso do cinema transgênero, está pedindo dinheiro para fazer um filme de sexo. "Não se trata de pornografia", diz Mitchell. É uma comédia com sexo real ao vivo acontecendo diante da câmera. Segundo ele, no seu filme, "a prioridade é a vida emocional dos personagens".
Depois de um ano e meio de ensaios, ele levantou cerca de US$ 60 mil de amigos e patrocinadores, entre os quais o músico Moby. Precisa de US$ 2 milhões para bancar a produção. Mas até agora diversos potenciais financiadores rejeitaram sua abordagem. "Eles gostariam de ver o filme em cartaz, mas não sabem de que maneira comercializar um filme sexualmente tão explícito e sem classificação de censura", disse. O filme mexicano "E Sua Mãe Também", de Alfonso Cuarón, foi distribuído dessa maneira e, de acordo com a revista especializada "Variety ", arrecadou mais de US$ 13,6 milhões em 20 semanas.
O título provisório do projeto é "Shortbus ", nome de salão onde os personagens se reúnem para ler textos, ensaiar apresentações e, às vezes, fazer sexo em público.
A ação do filme acontece depois do 11 de Setembro, em uma Nova York apavorada com o terrorismo e cara demais para os artistas. "Trabalhar como acompanhante é o novo emprego temporário de todo mundo", conta Mitchell.
A história gira em torno de uma dominatrix que vive em um depósito de armazenagem porque não tem dinheiro para bancar um apartamento, uma terapeuta sexual que não consegue chegar ao orgasmo e um homem gay que se sente aprisionado em seu relacionamento. Eles freqüentam o salão "para encontrar redenção", diz.
"Shortbus " terá composições originais para trilha. O diretor está conversando com Rufus Wainwright, Justin Bond, do grupo Kiki and Herb, e com o Yo La Tengo.
Sook-Yin Lee, apresentadora de um programa sobre artes no Canadian Broadcasting System, é a terapeuta sexual. A atriz e dançarina Lindsay Beamish é a dominatrix. Paul Dawson, ator e escritor, interpreta o gay insatisfeito.
Quando Mitchell convidou os interessados em papéis a enviar vídeos em que descrevessem suas vidas sexuais, 500 pessoas responderam. Algumas delas enviaram vídeos em que faziam sexo. Apenas "um punhado" dos candidatos eram astros e estrelas do mercado pornô, disse ele, acrescentando que "as pessoas confiavam que não fosse nada de sórdido, por causa de "Hedwig'".
No momento, o roteiro, que ainda está sendo desenvolvido, estipula que Sofia, a terapeuta sexual, depois de uma transa fracassada com o namorado, se masturbe diante da câmera.