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ARTES PLÁSTICAS
Exposição em SP reúne obras de 50 artistas para contar percurso da pintura feita por mulheres no país
Tintas femininas recontam sua história
ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL
"Mulheres Pintoras" exibe o trabalho de 50 artistas. Há um ou outro nome conhecido, como os de
Tomie Ohtake, Anita Malfatti,
Tarsila do Amaral, Djanira, Yolanda Mohalyi, Maria Leontina,
algumas das que se tornaram
"pintoras mulheres". Sobre as outras, pouco se sabe.
A mostra de artistas praticamente desconhecidas quer discutir a presença feminina desde
meados do século 19 na arte brasileira. "As mulheres aprendiam a
tocar piano, bordar, pintar. Ao se
casar, largavam a pintura", explica a curadora, Ruth Sprung Tarasantchi, sobre a alta taxa de "evasão" entre as mulheres pintoras.
Dentre as obras, vindas do acervo da Pinacoteca e de colecionadores da Sociarte, predominam
paisagens, naturezas-mortas e
muitas, muitas flores, temas predominantemente "femininos" e a
partir dos quais as moças se iniciavam no manejo das tintas e
pincéis. "Nem todas as obras presentes são de grande valor artístico, mas representam o gosto burguês da sociedade da época", sublinha a curadora. A escapada do
lado doméstico da pintura ocorre
em surpresas, como a quase klimtiana "Coeur Meurtri", de Nicota
Bayeux Benain (1870-1923), e no
gesto de Alina Okinaka (1920-1991), que foi casada com o pintor
Massao Okinaka.
Os laços familiares, aliás, permeiam toda a exposição. Se o matrimônio, como no caso das quatro irmãs Do Val e de outras moças de sociedade, era o fim da pintura, em casos mais específicos ele
podia se revelar como um incentivo para a arte. Foi o caso de Okinaka e de outras mulheres de pintores -Helena Pereira da Silva
Ohashi, casada com Riokai Ohashi, Georgina de Albuquerque,
mulher de Lucílio de Albuquerque, e Haydéa Santiago, casada
com Manoel Santiago.
Algumas filhas começaram a
formação na pintura sob a supervisão dos pais. Anita Malfatti
aprendeu as primeiras pinceladas
com a mãe, Elisabeth Krug Malfatti, que está na exposição com
um retrato. Da própria Anita, há o
nu "La Chambre Bleue", de 1925.
Helena Pereira da Silva foi incentivada pelo pai, Oscar Pereira
da Silva, que a levou para Paris para estudar na Academia Julian.
Helena se casou com o pintor japonês Riokai Ohashi, morto no
Japão durante a Segunda Guerra
Mundial, e trouxe tons japoneses
para a sua obra. Há ainda Regina
Gomide Graz, irmã de Antônio
Gomide e mulher de John Graz.
Noêmia Mourão, que se casou
com Di Cavalcanti, dele acabou
até emprestando alguns traços.
Tarsila do Amaral, o provável
nome mais popular da mostra,
tem ali seu "Manacá" (1927) e
uma cópia de Pedro Alexandrino,
o mestre das boas moças pintoras
da sua época.
MULHERES PINTORAS - A CASA E O
MUNDO. Onde: Pinacoteca do Estado
(pça. da Luz, 2, SP, tel. 0/xx/11/3229-9844). Quando: abertura hoje, das 11h às
14h; de ter. a dom.: das 10h às 17h30; até
17/10. Quanto: R$ 4 (grátis aos sábados).
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