São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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Em debate, Marisa destaca "valorização" do passado

Em evento promovido pela Folha, cantora apresenta "O Mistério do Samba", sobre a Velha Guarda da Portela, e conversa com a platéia

DA REPORTAGEM LOCAL

"Faço isso como cidadã." Assim a cantora Marisa Monte definiu sua participação na preservação da obra e da memória da Velha Guarda da Portela, retratada no documentário "O Mistério do Samba", exibido anteontem em SP, dentro do projeto Folha Documenta.
"Temos a mania de esperar pelo governo, mas depende de cada um de nós termos um olhar de valorização, porque esse tipo de coisa não tem só lá na Portela, todas as comunidades têm, aqui em São Paulo também tem", disse a cantora ao público que lotou a sala de cinema para a pré-estréia do filme e para a sessão de perguntas e respostas que se seguiu.
O Folha Documenta, uma parceria da Folha e do Cine Bombril, também recebeu Carolina Jabor e Lula Buarque de Hollanda, diretores do filme, que foi aplaudido de pé ao fim da exibição gratuita.
Com medição do repórter da Folha, Luiz Fernando Vianna, os diretores e Marisa -que aparece no filme cantando e conversando com portelenses históricos- falaram sobre as filmagens, iniciadas em 1998, quando a cantora começou sua pesquisa com a Velha Guarda da Portela, que acabou rendendo o disco "Tudo Azul" (1999).
"Desde aquela época, Carol e Lula estavam presentes, registrando, porque a gente já tinha a idéia de fazer um filme também", afirmou Marisa.
"Quando começamos a filmar, não tínhamos um roteiro. Foram mais de 200 horas de material bruto", disse Lula.
"Fizemos uma edição de 12 horas, depois uma de três, até chegarmos ao corte final [88 minutos]. Muito material ficou de fora, parte dele deve entrar no DVD", disse Carolina Jabor.
"Buscamos o equilíbrio em vários níveis, representando todos os compositores, todos os temas e ritmos", afirmou Marisa, sobre a edição.
Quando a platéia questionou os convidados sobre o significado do título do filme, Marisa Monte respondeu citando Paulinho da Viola, com quem ela canta no documentário.
"Como o próprio Paulinho diz no filme, o mais importante não é explicar, é sentir. Esse título veio da vontade de deixar em aberto. O filme tem quase 50 músicas, mas é só a ponta do iceberg, ainda há muito trabalho a ser feito."
"Não quisemos fazer um filme muito biográfico, da instituição Portela. Queríamos mostrar como os sambas brotavam deles, era mais interessante mostrar os sambistas do que fazer uma explicação histórica", disse Carolina Jabor durante o evento.
"O Mistério do Samba" tem estréia nos cinemas prevista para o dia 29/8. Antes, Marisa Monte faz shows com a Velha Guarda da Portela para promover o filme. Em São Paulo, as apresentações serão no Sesc Pinheiros, nos dias 26/8 e 27/8, com ingressos já esgotados. No dia 29/8, o show acontece no Circo Voador, no Rio.


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